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Discípulos ainda são discípulos

Mateus 4:18-22 Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: “Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”. No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram. Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as suas redes. Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, o seguiram.

Mateus relata o início do ministério de Jesus como uma luz que começava a brilhar em meio às trevas (v12-17). Logo em seguida, descreve como essa luz começou a atingir as vidas dos homens apresentando-nos os chamados de Pedro e André, Tiago e João para serem seus discípulos. Esse fato é muito interessante, pois mostra que os discípulos estavam com Jesus desde o início, imediatamente depois que ele começou a proclamar o Reino dos Céus (sinônimo para Reino de Deus). Eles estavam lá como testemunhas da sua atividade, como ouvintes de sua mensagem, como os primeiros dos futuros Apóstolos.

Desde o momento do chamado, Jesus já lhes indicou qual seria o seu propósito: serem pescadores de pessoas. Eles se tornariam seus enviados a todas as nações (28:19–20) para estabelecer o Reino de Deus. Por meio do testemunho dos discípulos, muitas nações seriam alcançadas para o Senhor, formando sua preciosa Igreja. Desta forma, o início do ministério de Jesus é, ao mesmo tempo, o início da história da Igreja.

No restante do seu Evangelho, Mateus falará desses que foram chamados logo no início, não como “apóstolos” (somente no 10:2), mas como “discípulos” (μαθητής, seguidor), pois sua intenção era que àqueles que estivessem lendo seu evangelho, se identificassem com essas pessoas durante a leitura. Para Mateus, os leitores de seu evangelho também eram discípulos e deveriam aprender com os primeiros discípulos de Jesus e com seu relacionamento com o Mestre.

Além disso, o termo μαθητής é usado para identificar a pessoa com a comunidade de Jesus, ou seja, com a Igreja. Aqueles que pertenciam à comunidade eram discípulos e aqueles que eram discípulos, necessariamente pertenciam à comunidade.

O mesmo acontece com o termo “siga-me” (ἀκολουθέω). Não eram somente os primeiros discípulos que deveriam seguir a Jesus, mas também todos os que fossem chamados depois deles: “o siga-me” era um chamado para um relacionamento pessoal com Jesus. Por isso ele reforça ao final da narrativa que, mesmo depois de subir aos céus, Jesus “estará presente todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28:20), tornando possível tal relacionamento.

Esse chamado também distinguia os discípulos da multidão de pessoas que recorriam a Jesus. A multidão (ὄχλοι) tinha características muito diferentes. Embora sempre houvesse uma multidão ao redor de Jesus, as pessoas que a compunham sempre eram diferentes, dependendo do lugar e da ocasião. A multidão buscava a Jesus por causa dos sinais, das curas, dos pães e dos ensinamentos. Não eram pessoas que haviam deixado tudo para seguir a Jesus e servi-lo.

Os discípulos, por sua vez, eram chamados para acompanhá-lo (ἀκολουθέω) e servi-lo. Iam com Jesus por toda parte. Por isso, precisavam estar dispostos a deixar as redes, os barcos, e tudo o mais para seguir o Senhor. É importante percebermos que mesmo posteriormente, a Igreja que surgiu no Pentecostes era uma igreja de discípulos, que continuavam a seguir a Jesus na pessoa do Espírito Santo.

Por isso, do mesmo modo como Jesus chamou seus primeiros discípulos para deixarem tudo e segui-lo, ele chama a cada um de nós hoje, convocando-nos em meios às nossas atividades profissionais e às nossas famílias para sermos seus discípulos. Todas as coisas que nos cercam devem perder seu brilho e sua influência, cedendo posição para a chegada do reino de Deus em nossas vidas, diante do chamado do Senhor.

Recursos Logos utilizados

  • Ferramenta de pesquisa.
  • Barry, J. D., Heiser, M. S., Custis, M., Mangum, D., & Whitehead, M. M. (2012). Faithlife Study Bible. Bellingham, WA: Logos Bible Software. (recurso gratuito do Software Logos)
  • Luz, U. (2007). Matthew 1–7: a commentary on Matthew 1–7. (H. Koester, Ed.) (Rev. ed.). Minneapolis, MN: Fortress Press. (gratuito no site Logos até 30/11/15).
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Ricardo Meneghelli
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