Observe a ilustração acima. A força do pecado, que está na carne, e o poder do Espírito, que habita a nova natureza, atuam em nosso interior determinando o phronema. A lei que for mais forte irá determinar a orientação da nossa atitude interior e, consequentemente, influenciar nossa maneira de viver.
Uma pessoa cujo phronema, ou orientação da atitude interior, está voltada para a carne, apresentará um comportamento carnal e não conseguirá agradar a Deus nem fazer sua vontade, pois uma atitude carnal é inimiga de Deus.
Romanos 8:7-8 A mentalidade (phronema) da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.
Sabemos, no entanto, que “os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e os seus desejos” . Mas o viver carnal anterior à conversão deixou marcas profundas em seu interior formando diversos hábitos, costumes e sofismas, típicos da carne, que precisam ser superados pela atuação do Espírito. Por isso, somos exortados a viver pelo Espírito para “não satisfazer os desejos da carne”. Isso significa que apesar de termos crucificado a carne, ela ainda nos envolve e, pelo fato do pecado estar enraizado nela, ela continua a influenciar a conduta pela atuação da lei do pecado. Dessa forma, percebemos é que ainda é possível que uma pessoa que nasceu de novo “ande segundo a carne”, embora essa pessoa não esteja “na carne”.
Quando Paulo escreve aos coríntios, ele afirma que eles tinham palavra, conhecimento, dons e que o testemunho de Cristo havia sido confirmado entre eles , ou seja, eles manifestavam características espirituais de pessoas nascidas-de-novo. Um pouco mais adiante, no entanto, ele disse que essas mesmas pessoas estavam vivendo como carnais:
1Coríntio 3:1-2 Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais.
Segundo esse texto, uma pessoa que nasceu de novo pode apresentar um comportamento carnal, influenciado pela carne, como alguém imaturo, uma criança em Cristo. O que não significa que ela seja uma pessoa imoral, que vivia em promiscuidade, pecando o tempo todo, mas que, por “meninice”, não vive a plenitude da vida que Deus tem para ela por meio do Espírito. Isso acontece porque o pecado continua a exercer poder, atraindo-o para a carne e provocando um viver carnal. Essa pessoa precisa se fortalecer no Espírito para que a lei do Espírito exerça um poder maior em seu interior para transformar sua conduta.
Surge, então, um conflito constante entre o Espírito e a carne e quem prevalecer determina a orientação do comportamento. É muito importante compreender que esse combate é do Espírito e não nosso. É ele quem luta contra a carne. No entanto, nós somos os mediadores dessa luta, pois podemos fortalecer a um ou a outro em nosso interior, determinando assim o vencedor.
Recursos Logos Utilizados:
Moo, D. J. (1996). The Epistle to the Romans. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co.
Moo, D. J. (2002). Encountering the book of Romans : a theological survey. Grand Rapids, MI: Baker Academic.