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A Primeira Busca pelo Jesus Histórico (Busca Antiga)

13/12/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

Caravaggio - A Incredulidade de São Tomé

Caravaggio – A Incredulidade de São Tomé

O Jesus que a Bíblia apresenta nasceu de uma mulher virgem, cujo óvulo foi fecundado pelo Espírito Santo (Isaías 7.14; Mateus 1.18-25; Lucas 1.27, 34-35). Ele tinha consciência de que era Deus (João 8.24;), realizava curas (Marcos 1.40-41), expulsava demônios (Marcos 1.23-27), andava por sobre as águas (João 6.16-21), multiplicava pão (Mateus 14.13-21), e até ressuscitava mortos (Mateus 9.23-26). O Jesus da Bíblia é totalmente humano (2 João 2.6; João 4.6; Filipenses 2.7) e totalmente divino (1 Timóteo 2.5; João 1.1). Ele perdoava pecados (Lucas 5.21-24) e morreu como sacrifício pelos pecados (João 1.29; 1 Pedro 1.18-19). Ele pregou, andou, se cansou, ensinou, deu broncas, condenou e salvou. Jesus cumpriu diversas profecias, personificou Israel, personificou o templo e foi o perfeito profeta, sacerdote e rei prometido, o Messias há muito esperado. O Jesus Cristo da Bíblia era ao mesmo tempo o Filho de Deus (Lucas 1.32), o Filho do homem (Daniel 7.13-14), o profeta apocalíptico (Mateus 24—25), o sábio (Lucas 2.40; 11.31), a sabedoria encarnada (João 1.1-3; Colossenses 2.3), o filho de Abraão (Mateus 1.1), o filho de Davi (Mateus 1.1), o filho da mulher que pisou a cabeça da serpente (Gênesis 3.15) e o servo sofredor (Isaías 53). Voluntariamente, o Jesus das Escrituras se entregou para morrer, a fim de oferecer a sua vida em substituição pelos pecados de todos aqueles que creem nele. O Jesus da Bíblia não continuou morto, mas ressuscitou em um domingo e apareceu para muitíssimas pessoas (1 Coríntios 15.3-8). Ele ensinou os seus representantes chamados apóstolos e colocou sobre eles a responsabilidade de levar a verdade até aos confins da terra (Mateus 28.18-20; Atos 1.8). O Jesus apresentado nas páginas das Escrituras é o Salvador do Mundo (1 João 2.1-2), voltará para reinar e estabelecer Novos Céus e Nova Terra (2 Pedro 3.8-13) e convida a todos a crerem nele para fazerem parte dessa nossa família e receberem vida eterna (Mateus 11.28-30; João 3.14-16). Esse é o Jesus revelado nas páginas da Bíblia. E esse é o Jesus que sujou os pés em nosso mundo. Esse é o Jesus histórico.

 

Infelizmente, no entanto, em algum momento da história, em torno do século 18, os homens começaram a pensar que suas pesquisas e capacidade intelectual eram fontes mais seguras de conhecimento do que as Escrituras. Duvidando, portanto, que o Jesus apresentado na Bíblia era real, deu-se início à busca pelo Jesus histórico.

 

A Busca pelo Jesus Histórico é uma empreita acadêmica que visa a reconstruir informações sobre a pessoa de Jesus com base nos ditames da pesquisa histórica. Um dos pressupostos desse ramo de estudo é que as informações contidas nos livros bíblicos não são confiáveis, pois são reconstruções religiosas do Jesus da história, atribuindo a ele diversos atributos e eventos sobrenaturais incompatíveis com os ditames que aquele pesquisador específico estabeleceu estar dentro do possível. Existem diversos “jesuses” históricos. A busca pelo Jesus histórico vai mudando de ênfase ao longo da sua história e assim, pesquisadores definem que até aqui três buscas distintas aconteceram: a busca antiga (1700-1906), a segunda busca (1953 a 1970) e a terceira busca pelo Jesus histórico (1980 em diante). Nesse post falaremos apenas sobre a primeira busca, apresentando seus principais proponentes e algumas de suas ideias básicas.

 

Hermann Samuel Reimarus (1694-1768): Reimarus, cujas notas no assunto foram publicadas postumamente por Gotthold Lessing, afirma que o Jesus histórico foi um revolucionário; um profeta poderoso como Moisés, tentando arrebanhar o povo judeu para Jerusalém a fim de estabelecer um reino terreno no qual o próprio Jesus seria o grande rei. Jesus se apresentou como o messias (Cristo) e é possível que tenha feito milagres. O grande erro da fé bíblica e do Cristianismo, para Reimarus, é a doutrina da ressurreição corpórea. Para Reimarus, a ressurreição foi uma criação dos discípulos de Jesus em face do fracasso do plano original de estabelecer um reino visível. Inconsistentemente, Reimarus usa diversos textos dos evangelhos para defender sua visão sobre a vida de Jesus, mas critica textos de Paulo e Atos que defendem a ressurreição. Para o estudioso alemão, os argumentos por Paulo e outros não conseguem sustentar a afirmação de uma ressurreição literal. Sua conclusão quanto a ressurreição é expressa assim: “Até aqui foi demonstrado como o novo sistema adotado pelos apóstolos, de um salvador de sofrimento espiritual que ressuscitou dos mortos e depois de sua ascensão retornou para o céu com grande poder e glória é falso em seu primeiro princípio principal, isto é, a ressurreição dos mortos” (p. 46). Depois de ter “provado” a sua primeira tese, Reimarus passa a provar que a doutrina do retorno de Jesus é igualmente falsa. Os grandes vilões da história, para Reimarus, foram os apóstolos, que roubaram  o corpo de Jesus e inventaram a ressurreição e a parousia a fim de não terem que voltar para as suas ocupações anteriores em meio à pobreza e vergonha. A razão de ser da criação dessas doutrinas foi mormente econômica.[1] O ridículo dessa explicação é pensar que os apóstolos, logo após a morte de seu mestre, foram sagazes ao ponto de roubarem o corpo de Jesus em meio aos soldados romanos, representaram a si mesmos nos evangelhos de forma tão negativa e escolheram o martírio por causa de uma mentira que eles mesmos inventaram.

 

Heinrich Eberhard Gottlob Paulus (1761-1851): Totalmente racionalista, Paulus apresentou uma versão do cristianismo totalmente despida de todos os aspectos sobrenaturais. O foco de Paulus, bem como de vários desses autores, era apresentar uma versão do cristianismo mais adequada para a sua época. Assim, explicou os milagres de Jesus de forma naturalista. Em vez de andar sobre as águas, Jesus andou sobre bancos de areia. Em vez de multiplicar o pão, Jesus motivou o povo a compartilhar o que tinha em suas bolsas. Em vez de ressuscitar da morte, Jesus havia, na verdade, apenas desmaiado de forma prolongada. Assim, o que temos nos evangelhos é uma explicação sobrenatural (propícia para a época) para eventos que foram totalmente comuns e normais.

 

Ferdinand Christian Baur (1792-1869): O primeiro representante da Escola de Tübingen, Baur acredita ser impossível recuperar o Jesus da história tendo em vista as tradições diversas colocadas sobre ele pelos diferentes autores dos evangelhos, tendo em vista suas tendências (p. 24). Ainda assim, ele faz uma análise critica dos evangelhos e afirma que aquilo que sobra de mais historicamente confiável é que o cristianismo começou com uma religião de moralidade. Baur acredita também que o recorrente uso da expressão filho do homem por Jesus aponta para uma auto consciência de que ele era o messias (p. 40). Sobre a ressurreição, Baur afirma que a compreensão que alguém tem sobre a mesma influencia pouco o estudo da história, se foi um milagre externo objetivo ou um milagre psicológico subjetivo (42).[2] Para Baur, influenciado pelo Hegelianismo, o cristianismo primitivo era dividido em dois partidos principais, dos judaizantes liderados por Tiago e o dos gentios, capitaneados por Paulo. Cada um dos livros do Novo Testamento tem assim uma diferente tendenz. Livros como Mateus e Tiago refletem o cristianismo judaizante, as cartas de Paulo refletem a vertente gentílica e livros como Atos dos Apóstolos tentam apresentar uma síntese dos dois ramos do cristianismo. Para Baur, Paulo e não Jesus foi o criador do cristianismo como o vemos hoje.

 

David Friedrich Strauss (1808–1874): Aluno de Baur e também representante da escola de Tübingen, Strauss foi o primeiro a aplicar à busca do Jesus histórico o conceito de mito. Ele deixa claro que a pressuposição racionalista da não existência do sobrenatural deve ser aplicada criticamente aos escritos do Novo Testamento, a fim de “desmisturar” aquilo que é histórico daquilo que é mitológico (p. xxxix). É impressionante a dicotomia que Strauss consegue fazer: “O autor é consciente de que a essência da fé cristã é perfeitamente independente do seu criticismo. O nascimento sobrenatural de Cristo, seus milagres, sua ressurreição e ascensão, permanecem como verdades eternas, independente das dúvidas que possam ser colocadas sobre sua realidade como eventos históricos. Esta certeza somente pode prover calma e dignidade à nossa crítica, e distingui-la da crítica naturalista do último século, cujo objetivo era, com o fato histórico, subverter também a verdade religiosa e, assim, torna-la necessariamente inútil” (p. xxx). Por causa dessa profunda dicotomia, Strauss foi capaz de negar a historicidade de todos elementos sobrenaturais contidos nos evangelhos, incluindo a divindade de Jesus e historicidade dos milagres, e ainda assim propor que a fé deveria ser mantida nos mitos da Escritura e dogmas da igreja.[3]

 

Ernest Renan (1823-1892)

 

H. Holtzmann (1832-1910)

 

Albert Kalthoff (1850 – 1906)

 

William Wrede (1859–1906): Outro representante da escola de Tübingen, Wrede, em seu livro mais famoso, O Segredo Messiânico, defende que o escritor do evangelho de Marcos criou o segredo messiânico como um recurso para justificar o porquê Jesus não foi reconhecido como messias em seu ministério terreno. Em sua obra sobre Paulo, ele atribui a este a criação e sistematização do cristianismo.

 

Johannes Weiss (1863 – 1914): Genro de Ritschll, foi o responsável por nomear a suposta fonte usada por Mateus e Lucas de “Q”. Weiss era interessado na pré história dos textos dos evangelhos, sendo um dos precursores da crítica textual. Weiss enfatizou a importância central do Reino de Deus na pregação de Jesus e propôs que o conceito de reino pregado no ministério terreno de Jesus se referia a uma realidade futura, escatológica e sobrenatural, que seria trazida por Deus, indo contra a concepção de sua época de que o reino era uma experiência subjetiva. Para ele, os evangelistas influenciados por Paulo colocaram na boca de Jesus expressões que o identificavam como um ser oriundo do céu. Weiss acredita que houve um grande desenvolvimento no pensamento da igreja a respeito de Jesus, usando elementos culturais para entender alguém cuja personalidade causou grande impressão. Weiss é um escritor curioso. De um lado ele não acredita que os escritos do Novo Testamento refletem a pessoa de Jesus como ele realmente era; por outro lado, Weiss afirma que Jesus Cristo foi exaltado após a sua morte e recomenda a fé nele.[4]

 

Albert Schweitzer (1875-1965): Schweitzer foi um gênio. Teólogo, missionário, organista, filósofo e médico, em cada uma dessas carreiras Schweitzer é reconhecido como um homem brilhante. Não sem razão, ele ganhou o prêmio Nobel da Paz de 1952. Em 1906, Albert Schweitzer escreveu o livro Geschichte der Leben-Jesu-Forschung (História da Pesquisa sobre a Vida de Jesus), que foi traduzido para o inglês em 1910 com o título “The quest for the historical Jesus”.[5] Na mente de Schweitzer, o dogmatismo da igreja criou um Jesus Cristo diferente do Jesus histórico. A busca pelo Jesus histórico era uma empreita científica que visava resgatar Jesus da tirania do dogma (p. 4). Em seu livro, Schweitzer apresenta as propostas dos estudiosos que o antecederam e oferece a sua própria proposta de reconstrução do Jesus Histórico. A proposta de Schweitzer é um desenvolvimento da reconstrução de Weiss, ou seja, o Jesus histórico apresentando-se como um pregador apocalipticista, o filho do homem de Daniel 12, o Messias, que anunciou a vinda de um reino terreno após a sua morte. Para Schweitzer, no entanto, as expectativas que Jesus tinha a seu próprio respeito falharam. Foram os apóstolos, depois da morte de Jesus, que criaram o anúncio de sua ressurreição, exaltação, salvação nele e registraram as suas histórias, sobre as quais o edifício do cristianismo se constrói. O que sobra após tamanha demolição? O que encontramos em Schweitzer é um salto de fé. Ele critica toda a empreita da busca pelo Jesus histórico e afirma que: “A consequência é que ela cria o Jesus histórico à sua própria imagem, de forma que não é o espírito moderno que é influenciado pelo Espírito de Jesus, mas o Jesus de Nazaré que é construído pela teologia histórica moderna, que é configurada para funcionar em nossa raça. Portano, tanto a teologia e sua figura de Jesus são pobres e fracas” (311). A conclusão de Schweitzer começa assim: “Aqueles que gostam de falar sobre uma teologia negativa podem encontrar a sua história aqui. Não há nada mais negativo do que o resultado do estudo crítico sobre a vida de Jesus” (396). Em outro lugar: “Jesus significa alfo para o nosso mundo porque uma força espiritual poderosa flui dEle até o nosso tempo também. Esse fato não pode ser abalado nem confirmado por qualquer descoberta histórica. É a fundação sólida do cristianismo. O erro foi supor que Jesus poderia significar mais para o nosso tempo ao entrar nele como um homem igual a nós. Isso não é possível” (397). Em suma, o teólogo alemão chegou à conclusão de que a empreita do estudo histórico de Jesus é nociva à fé e assim, ele faz um apelo a que o Jesus da fé continue influenciando homens e mulheres:

 

“Ele vem a nós como Um desconhecido, sem um nome, como alguém de antigamente, ao lado do lago, Ele vem para aqueles que não o conheceram. Ele nos fala a mesma palavra: ‘Segue-me!’ e coloca-nos para fazer as tarefas que ele tem que cumprir em nosso tempo. Ele comanda. E aqueles que o obedecem, sejam sábios ou simples, Ele revelará a Si mesmo nas lutas, nos conflitos, nos sofrimentos que eles enfrentarão em comunhão com Ele e, como um mistério inefável, eles aprenderão por experiência própria quem Ele é” (401).

 

Depois da publicação deste livro, Schweitzer estudou medicina e foi para a África (Gabão) como missionário. No primeiro mês Schweitzer e sua esposa atenderam mais de 2000 pacientes. Além de criar um hospital na região, o doutor, que ficou por alguns meses em um campo de concentração, se tornou ativista contra o uso de armas nucleares.

 

Embora haja discordância entre os estudiosos, a maioria concorda que a primeira busca do Jesus histórico acabou com Schweitzer. Seguiram-se a primeira busca as duas grandes guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) e um período chamado de “sem busca” (no quest). O nome principal desse período é Rudolf Bultmann, que postulou sobre a impossibilidade de reconstruir o Jesus da história e apresentou como muito mais importante o Jesus da fé:

 

“Parece suficientemente claro que o ponto da afirmação da preexistência ou do nascimento virginal é realmente expressar a importância da pessoa de Jesus para a fé. O que ele é para nós não é exaurido por, na verdade, nem mesmo aparece naquilo que ele parece ser para a observação histórica ordinária. Não precisamos perguntar sobre a sua origem histórica, pois o seu significado real se torna evidente somente quando essa forma de fazer perguntas é deixada de lado. Não devemos perguntar as razões históricas de sua história, sua cruz, a importância de sua história está naquilo que Deus quer nos dizer por meio dela. Assim, sua importância como uma figura não é para ser compreendida a partir do contexto intermundial; em linguagem mitológica ele vem da eternidade, e sua origem não é humana, nem natural”.[6]

 

Conclusão

 

Ao analisar em primeira mão, ainda que sem profundidade, os escritos da primeira geração dos proponentes da busca pelo Jesus histórico, fica evidente que os desenvolvimentos vistos nas buscas posteriores já se faziam presentes de alguma forma nos escritores antigos. O judaísmo de Jesus, seu apocalipticismo, a diversidade de cristologias, o esforço pela compreensão da origem e significado dos diferentes títulos cristológicos e, especialmente, em alguns “questers”, uma luta entre o desejo de crer e manter piedade contra o racionalismo, o academicismo e o desejo por relevância.

 

O problema começou quando a Bíblia passou a ser considerada como um escrito puramente humano e a razão humana como uma fonte mais confiável de conhecimento do que a revelação divina por meio das Escrituras. Houve outros escritores nessa época, mas os apresentados acima ganharam posição de destaque na busca antiga pelo Jesus histórico. A crítica de Schweitzer bem como a constatação de Rudolf Bultmann marcam o fim da primeira busca. Embora totalmente tomados pelo racionalismo de sua época, ambos teólogos lançaram um apelo para que o Jesus da fé fosse conhecido, crido e seguido.

 

A falta de harmonia das reconstruções “históricas” de Jesus é mais um motivo para reconsiderar a volta às Escrituras como a Palavra de Deus, cujo Jesus é o homem-Deus que viveu na história e tem sido professado ao longo dos séculos com a seguinte fórmula:

 

“Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.” (Credo Niceno-Constantinopolitano)

 

Notas

[1] Hermann Samuel Reimarus, Gotthold Ephraim Lessing, and Charles Voysey, Fragments from Reimarus : Consisting of Brief Critical Remarks on the Object of Jesus and His Disciples as Seen in the New Testament (Lexington, Ky.: American Theological Library Association, Committee on Reprinting, 1879), https://play.google.com/books/reader?id=UJRyFFb8WKAC&printsec=frontcover&output=reader&hl=pt_BR&pg=GBS.PA1.

[2] Ferdinand Christian Baur, The Church History of the First Three Centuries (London: Williams and Norgate, 1878), https://books.google.com/books?id=QIQAAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=ferdinand+baur&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwjllMb9–LQAhVrsFQKHdutCRwQ6AEINzAE#v=onepage&q=historical&f=false. Veja lista dos livros de Baur no Google Books: https://www.google.com/search?tbm=bks&hl=en&q=David+Friedrich+Strauss&=#safe=strict&hl=en&tbs=bkt:b%2Cbkv:r&tbm=bks&q=Ferdinand+Christian+Baur

[3] David Friedrich Strauss, The Life of Jesus Critically Examined, 2nd ed. (London: Sonnenschein, 1892), https://books.google.com/books?id=BjdNAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=david+strauss&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwjtw-is987QAhVF6oMKHQZRALIQ6AEIJDAB#v=onepage&q&f=false. Veja lista de livros de Strauss no Google Books no link a seguir: https://www.google.com/search?tbm=bks&hl=en&q=David+Friedrich+Strauss&=#q=David+Friedrich+Strauss&safe=strict&hl=en&tbs=bkt:b,bkv:r&tbm=bks

[4] Johannes Weiss, Christ, the Beginnings of Dogma (London: P. Green, 1911), https://books.google.com/books?id=q6UQAAAAYAAJ&printsec=frontcover&dq=Johannes+Weiss&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwifhpTG0e_QAhVK22MKHVbmAokQ6AEIMzAE#v=onepage&q=Johannes Weiss&f=false; Johannes Weiss and H J Chaytor, Paul and Jesus (London; New York: Harper & Bros., 1909), https://books.google.com/books?id=Rh9VAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=Johannes+Weiss&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwigkKrwjuXQAhVH4mMKHVbgBFkQ6AEIITAB#v=onepage&q&f=false.

[5] Albert Schweitzer, The Quest of the Historical Jesus, by Albert Schweitzer. (London: A & C Black, 1910), https://books.google.com/books?id=7UPLuZZ8NHIC&pg=PA281&dq=albert+schweitzer+jesus&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwis44Ty6O_QAhVLyGMKHV0vALgQ6AEILjAD#v=onepage&q&f=false.

[6] Rudolf Bultmann and Schubert Miles Ogden, New Testament and Mythology and Other Basic Writings, 1984, 33.

 

Material sobre o Jesus Histórico em Português

http://www.revistajesushistorico.ifcs.ufrj.br

http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/download/69/83

http://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/download/24146/17343

http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_II__1997__2/artigo_resenha…..pdf

http://www.faculdadejesuita.edu.br/documentos/171014-BEJsoeQthhkgT.pdf

http://periodicos.ufpb.br/index.php/religare/article/viewFile/22193/12287

https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/COR/article/viewFile/1715/1707

http://anais.est.edu.br/index.php/salao/article/download/203/168

https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/download/1007/611

http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/viewFile/P.2175-5841.2015v13n40p2194/9049

http://seer.ucg.br/index.php/caminhos/article/viewFile/1196/842

http://periodicos.ufes.br/romanitas/article/download/6360/4685

http://faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/download/1217/1619

http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_05_04.pdf

http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__2/John_Dominic.pdf

http://professorpinheiro.net/livros%20prontos/o%20jesus%20historico%20e%20o%20mitico.pdf

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/537432

http://www.reasonablefaith.org/portuguese/redescobrindo-o-jesus-historico-pressuposicoes-e-pretensoes-do-jesus

http://veja.abril.com.br/ciencia/o-que-a-historia-tem-a-dizer-sobre-jesus/

http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL757693-9982,00-ENTENDA+CRITERIOS+USADOS+POR+ESTUDIOSOS+PARA+DECIDIR+O+QUE+VEM+DE+JESUS.html

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Não seja enganado: O Cristianismo e o Espiritismo são Opostos. O Cristianismo é de Deus, o Espiritismo não.

30/11/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

 

O Brasil é um país com alto nível de sincretismo religioso. Infelizmente, é comum ver igrejas cristãs adotando práticas comuns a diferentes ramos do Espiritismo e é comum ver terreiros espíritas querendo se autonomear de cristãos, ou sorrateiramente arrogando para si um vínculo com Jesus Cristo. A Bíblia deixa claro, no entanto, que o Espiritismo e o Cristianismo absolutamente não são a mesma coisa, são opostos. É comum ver a Bíblia vinculando pessoas más com atividades espíritas e de ocultismo, casos do rei Manassés (2Crônicas 33.1-6) e do rei Saul depois de ter sido abandonado por Deus (1 Samuel 28.8-19; 1 Crônicas 10.13-14).

A lei de Israel deixava bem claro: “Quando vocês tomarem posse da terra que o Senhor, nosso Deus, está dando a vocês, não imitem os costumes nojentos dos povos de lá. Não ofereçam os seus filhos em sacrifício, queimando-os no altar. Não deixem que no meio do povo haja adivinhos ou pessoas que tiram sortes; não tolerem feiticeiros, nem quem faz despachos, nem os que invocam os espíritos dos mortos. O Senhor Deus detesta os que praticam essas coisas nojentas e por isso mesmo está expulsando da terra esses povos, enquanto vocês vão tomando posse dela” (Deuteronômio 18.9-12, NTLH). A invocação de mortos é considerada tão errada por Deus, que na lei de Israel havia pena de morte para aqueles que a praticassem: “O homem ou mulher que sejam necromantes ou sejam feiticeiros serão mortos; serão apedrejados; o seu sangue cairá sobre eles.” (Levítico 20.27, ARA).

Entre os diversos outros textos bíblicos que abordam esse assunto, um é bastante conhecido, o texto “natalino” de Isaías 9.1-7:

 

1 Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. 2 O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. 3 Tens multiplicado este povo, a alegria lhe aumentaste; alegram-se eles diante de ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando repartem os despojos. 4 Porque tu quebraste o jugo que pesava sobre eles, a vara que lhes feria os ombros e o cetro do seu opressor, como no dia dos midianitas; 5 porque toda bota com que anda o guerreiro no tumulto da batalha e toda veste revolvida em sangue serão queimadas, servirão de pasto ao fogo. 6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; 7 para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto. (Isaías 9.1-7)

 

Qual é a ligação desse texto com o espiritismo?

Esse texto apresenta a solução para uma terra que estava em aflição, trevas (v. 1 e 2) e opressão (v. 7). O que havia causado essa situação? Veja o que diz o capítulo anterior: “Algumas pessoas vão pedir que vocês consultem os adivinhos e os médiuns, que cochicham e falam baixinho. Essas pessoas dirão: “Precisamos receber mensagens dos espíritos, precisamos consultar os mortos em favor dos vivos!” (Isaías 8.20). A prática de um tipo de Espiritismo havia levado Israel a uma situação de trevas, assim como acontece no Brasil. Enquanto a nação de Judá era governada por líderes envolvidos com o ocultismo, o resultado eram trevas terríveis.

O nosso texto propõe que a única solução possível para aquela situação era uma intervenção de Deus. O próprio Deus resplandeceria a sua luz (v. 2) e traria a alegria de volta (v. 3). Deus promete que faria isso acabando com a opressão (v. 4) e com a guerra (v. 5). Como é possível que Deus transforme de maneira tão radical a uma nação? Como é possível que Deus transforme trevas em luz, choro em riso, opressão em alívio e guerra em paz?

A resposta está nos versículos famosos de Isaías 9.6-7: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.”

Jesus, o menino que nasceu da virgem Maria; Jesus, aquele que governa nos céus; Jesus, aquele que voltará para tornar o seu reino visível na terra; Jesus, o maravilhoso conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade e príncipe da paz é o rei que trará justiça perfeita para essa terra! A solução para uma nação chafurdada nas trevas do espiritismo é Jesus Cristo. A única solução para vidas que se encontram oprimidas debaixo do poder do Diabo e seus demônios é Jesus Cristo. O não abandono das práticas espíritas resulta em condenação da parte de Deus (Gálatas 5.19-21; Apocalipse 21.8; 22.15).

Jesus tem poder para libertar os seres humanos de toda opressão do mundo, da carne e do Diabo e ele oferece salvação para todos, inclusive kardecistas, umbandistas, candomblecistas, quimbandistas, vuduistas e todos os demais homens e mulheres que se encontram presos nas trevas da prática do ocultismo e espiritualismo. O Cristianismo e o Espiritismo são opostos. Somente o cristianismo é de Deus. Há um só caminho para Deus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6)

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Aleluia!

17/11/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

Painting

“Com os olhos fechados em oração, pessoas levantam as mãos, expressando súplica e ação de graças ao Deus Todo Poderoso como a verdadeira virtude de todos os seres humanos”, diz o pintor ganês Yusuf Seidu Okus. Ele trabalha com uma paleta vívida que transmite a idéia da profundidade de sua devoção. “Essa obra foi inspirada em um sonho de tive e pela minha crença nas orações por meio de louvor e adoração… Há poder na oração”.

Há algum tempo atrás, ouvi a história de um missionário americano que trabalha evangelizando e pregando em uma cadeia de segurança máxima e que costuma a entrar no pavilhão gritando: “Luia! Luia!” Ao ouvi-lo, os presos começam a responder com entusiasmo: “Luia! Luia!” E assim, começa uma grande gritaria antes que todos se aquietem para ouvir a pregação da Palavra.

A palavra aleluia é uma das mais queridas do vocabulário cristão. Curiosamente, a palavra aparece em apenas dois livros bíblicos: Salmos e Apocalipse. Aleluia é a versão em português da expressão hebraica “הַלְלוּ־יָהּ” (halelu-yah). No grego a palavra é escrita assim: ἁλληλουϊά. A versão hebraica é a junção do verbo halal, que significa “louve, elogie, celebre, sinta orgulho de” anexada a uma versão diminuída do nome próprio de Deus, Yahweh, que aparece como Yah. O verbo no hebraico aparece no imperativo e no aspecto piel, uma forma intensiva dos verbos hebraicos.

O resultado, portanto, é que aleluia é uma ordem e um convite a todos que significa “Louve [elogie, celebre, sinta orgulho de] Yah[weh]”. Nos Salmos, aleluia tem os seguintes motivos: a destruição dos ímpios (Sl 104.35); a fidelidade de Deus (Sl 105.45; 106.1, 48; 113.9; 117.2; 147.20; 148.14); a fidelidade do seu povo (Sl 112.1); o reino de Deus (146.10). Todos são conclamados para louvar Yahweh: os servos do Senhor (Sl 135.1); os seres celestiais (Sl 148.1); a assembleia dos fiéis (Sl 149.1) e todo o ser que respira (150.6). É evidente que se considerarmos todas as vezes que o verbo Halal (louvar) aparece sem o “Yah” e o conteúdo completo desses Salmos, essas listas ficarão ainda maior!

E no Novo Testamento? O livro de Apocalipse é em certo sentido o saltério do Novo Testamento. Nenhum outro livro neotestamentário apresenta tantos cânticos, hinos e louvor a Deus. Bem no final do livro temos a descrição do louvor a Deus por causa da destruição da Babilônia:

19.1 Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: “Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, 2 porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servo.” 3 Segunda vez disseram: “Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos século.” 4 Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: “Amém! Aleluia!” 5 Saiu uma voz do trono, exclamando: “Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes.” 6 Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: “Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. 7 Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, 8  pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro.” Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos.

Esse texto mostra uma antífona, cântico em que pessoas ou grupos se revezam completando ou respondendo um ao outro. Uma numerosa multidão no céu louva a Deus pela destruição da Babilônia e celebra o fato de que sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos. Então, os vinte e quatro anciãos respondem: “Amém! Aleluia!”. Alguém no trobô, neste momento, conclama todos os servos de Deus a louvarem a Ele. A resposta, então, é que uma multidão numerosa responde com voz poderosa: Aleluia! Deus reina e em breve acontecerá o casamento do Cordeiro com a sua noiva, a igreja, o que é descrito em Apocalipse 21.

Aleluia, em Apocalipse, portanto, é um grito de celebração pela vitória definitiva de Deus e de Cristo contra os seus inimigos. Todos os cristãos se alegram profundamente porque aquela que os oprimia agora está definitivamente derrotada para todo o sempre e todos agora aguardam o casamento do Cordeiro e sua Noiva.

Tudo o que existe, existe para obedecer a convocação para louvar a Deus. Mesmo em meio à guerras e sofrimentos do Antigo Testamento, o povo de Deus sabia que havia motivos de sobra para louvar Yahweh pela sua fidelidade graciosa e amor leal. Haverá um dia e que nos ajuntaremos à multidão cantando e louvaremos ao Deus triúno pela Sua vitória final. E enquanto aguardamos, devemos sair pelo mundo convidando pessoas a clamar conosco: “Luia! Luia!”

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Hosana! 

10/11/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

Hosanna, por Tom duBois

Hosana (Ὡσαννα) é mais uma expressão aramaica (הוֹשַׁע נָא) que entrou no Novo Testamento grego. A versão hebraica da palavra aparece no Salmo 118.25: “Salva-nos (הוֹשִׁיעָה נָּא), Senhor! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós suplicamos.” No Salmo 118, a expressão é um grito de socorro e se segue por: “Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos.” (Salmo 118.26). Mesmo no Judaísmo o Salmo 118 era interpretado por alguns como fazendo referência à vinda do Messias (salmo messiânico).

O verbo hebraico tem as acepções de ajudar, salvar, receber, vencer e livrar. De um pedido de socorro, no entanto, a expressão passou a ter a conotação da comemoração que se faz em vista do socorro recebido. Parte desse processo aconteceu porque o Salmo 118 é parte do halel, conjunto composto pelos salmos 113-118 que era cantado pelos judeus na época das principais festas religiosas (Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos). Dessa forma, a palavra começou a ser usada para celebração alegre pela vitória e expressão de louvor a Deus. “Era uma exclamação de louvor, implicando em senhorio”.[1]

Todas as vezes que a palavra Hosana aparece no Novo Testamento ela é uma expressão de louvor a Jesus Cristo. Mateus, Marcos e João mostram a expressão sendo usada quando Jesus está entrando em Jerusalém e Mateus mostra crianças usando a expressão para Jesus quando ele chega no templo. Lucas relata o momento, mas não usa a  expressão hosana, citando apenas o versículo 26 do Salmo 118. Em todos os casos, a expressão é um grito alegre de louvor a Jesus Cristo, reconhecendo-o como o Messias que veio para salvar o seu povo.

 

A multidão que ia adiante dele e os que o seguiam gritavam: “Hosana ao Filho de Davi!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” “Hosana nas alturas!” (Mateus 21.9)

Mas quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: “Hosana ao Filho de Davi”, ficaram indignados, (Mateus 21:15)

Os que iam adiante dele e os que o seguiam gritavam: “Hosana!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor!”(Marcos 11:9)

“Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi!” “Hosana nas alturas!” (Marcos 11:10)

Pegaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, gritando: “Hosana!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” “Bendito é o Rei de Israel!” (João 12:13)

 

A Didaquê, importante escrito do primeiro ou segundo séculos, atribuído pseudonimamente aos apóstolos  (10.6) também usa a expressão, como parte da celebração da santa ceia: “Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém.” (Didaquê 10.6). Edward Lohse, relembra da história narrada por Eusébio que envolve a expressão hosana.[2] Eusébio narra assim sobre o martírio de Tiago, irmão do Senhor:

 

12 E assim os mencionados escribas e fariseus puseram Tiago em pé sobre o pináculo do templo e disseram-lhe aos gritos: “O tu, o justo!, a quem todos devemos obedecer, posto que o povo anda extraviado atrás de Jesus o crucificado, diga-nos quem é a porta de Jesus.” 13. E ele respondeu com grande voz: “Por que me perguntam sobre o Filho do homem? Ele também está sentado no céu à direita do grande poder e há de vir sobre as nuvens do céu.” 14. E sendo muitos os que se convenceram completamente e ante o testemunho de Tiago, irromperam em louvores dizendo: “Hosana ao filho de Davi!”. Então os mesmos escribas e fariseus novamente disseram uns aos outros: “Fizemos mal em proporcionar tal testemunho a Jesus, mas subamos e lancemo-lo para baixo, para que tenham medo e não creiam nele.” 15. E puseram-se a gritar dizendo: “Oh! Oh! Também o Justo extraviou-se!” E assim cumpriram a Escritura que se encontra em Isaías: Tiremos de nosso meio o justo, que nos é incômodo. Então comerão o fruto de suas obras. 16. Subiram pois e lançaram abaixo o Justo. E diziam uns aos outros: “Apedrejemos a Tiago o Justo!” E começaram a apedrejá-lo, porque ao cair não chegou a morrer. Mas ele, virando-se, ajoelhou-se e disse: “Eu te peço Senhor, Deus Pai: Perdoa-os, porque não sabem o que fazem.[3]

 

Hosana é uma palavra linda que nos lembra do Messias que veio e prometeu voltar. Assim, nós que aguardamos a segunda vinda de Jesus Cristo, unimos nossas vozes aos irmãos nossos espalhados ao longo dos séculos e clamamos unânimes: “Hosana!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor! Bendito é o Rei de Israel!” (João 12.13)

 

 

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[1] Swanson, James, and James Swanson. A dictionary of biblical languages: Greek (New Testament). [Oak Harbor, WA]: Logos Research Systems, Inc, 2001.

[2] Kittel, Gerhard, G. W. Bromiley, and Gerhard Friedrich. Theological Dictionary of the New Testament. Grand Rapids, Mich: Eerdmans, 1964.

[3] Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Novo Século, 2002, xxiii.12-16

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Maranata!

02/11/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

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A palavra Maranata aparece somente uma vez em nossas Bíblias, em 1 Coríntios 16.22.

Se alguém não ama o Senhor, seja anátema.

Maranata!

A graça do Senhor Jesus seja convosco.

O meu amor seja com todos vós, em Cristo Jesus.

(1 Coríntios 16.22-24)

Na língua grega, a expressão aparece como duas palavras, μαράνα θά, que, na verdade são uma transliteração do aramaico מָרַנָא תָא. A expressão grega aparece também na Didaquê, capítulo 10.6: “Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém.”

Em Aramaico, a expressão Marana significa “nosso Senhor” e Tha funciona como um imperativo, significando: “vem”! A expressão é, portanto, uma oração que expressa desejo pela volta do Senhor Jesus, assim como Apocalipse 22.20: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!”

Vários textos bíblicos mostram a realidade da volta de Jesus Cristo. Veremos apenas dois:

“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.” (João 14.2-3)

“Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.” (Atos 1.9-11).

O aramaico Marana Ta tem três diferentes interpretações possíveis com relação ao verbo vir: “vem” (imperativo), “veio” (passado) ou “é vindo” (e como consequência, está aqui agora). Por causa de Apocalipse 22.20, da interpretação mais comum na história da igreja e segundo a maioria dos estudiosos, a melhor maneira de entender o termo em 1 Coríntios 16.22 é como um imperativo, expressando desejo e clamando pela vinda do Senhor Jesus.

É curioso ver o apóstolo Paulo usando um termo aramaico para comunicar em carta com uma igreja de fala grega! Isso significa provavelmente que a expressão nasceu na igreja de Jerusalém e a partir de lá se espalhou pelas igreja de fala grega, tornando-se uma expressão litúrgica para expressar o anseio pela volta do nosso Senhor Jesus Cristo.

Maranata é uma espécie de credo primitivo. Podemos desenvolver os seguintes ensinos a partir da expressão: (1) Jesus é o Senhor; (2) os cristãos confessam Jesus como o seu Senhor comum; (3) juntos, nós cristãos cremos, ansiamos e clamamos pela volta do nosso Senhor. Assim, juntamente com Paulo, os cristãos ao longo dos séculos e de todos os lugares clamamos: Maranata!

 

Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. (2 Pedro 3.11-13)

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O Limite de Toda Teologia (Romanos 11.33-36)

26/10/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

IMG_1503Não há muita discussão quando se afirma que a carta de Paulo aos Romanos é o escrito mais “teológico” do apóstolo. Embora a carta tenha uma ocasião e um contexto histórico específicos, a exposição que Paulo faz de grandes tópicos teológicos como evangelho, pecado, justificação, Espírito Santo e Israel é extremamente profunda e tem gerado milhões de páginas de debate ao longo dos séculos. Quero chamar a atenção, no entanto, para Romanos 11.33-36 como a declaração paulina sobre o limite de toda a teologia.

O texto em uma estrutura bem simples:

33 Ó profundidade
….. da riqueza
….. e da sabedoria
….. e do conhecimento de Deus!
Quão inescrutáveis os juízos dele
e incompreensíveis os caminhos dele!
….. 34 pois quem conheceu a mente do Senhor?
….. Ou quem conselheiro dele se tornou?
….. 35 Ou quem deu antes a ele [alguma coisa]
….. e será pago de volta por ele?
………. 36 Porque
…………… dele
…………… por meio dele
…………… e para ele são todas as coisas
……………….. A ele a glória para sempre. Amém!

Os capítulos 9—11 de Romanos estão entre os textos mais difíceis da Bíblia. Paulo está abordando a história da salvação e mostrando como Israel e Igreja se relacionam nos planos eternos de Deus, presente e futuro. A livre soberania de Deus também brilha forte nesses capítulos. Assim, após visitar e descrever os píncaros da teologia, o apóstolo apresenta esse último parágrafo como sua declaração sobre os limites da mente humana para compreender os arcanos de Deus.

O texto paulino é uma poesia que compreende proposições, mas faz mais do que isso ao tocar também nosso senso estético. A primeira proposição do texto afirma que existe uma grande profundidade na riqueza, na sabedoria e no conhecimento de Deus. Pelo contexto, sabemos que esses conceitos estão ligados aos planos soberanos eternos de Deus e seu revelar na história da redenção. A partícula grega “ó” ( Ὦ) que introduz o texto acrescenta um senso de assombro à proposição. Tal profundidade é tamanha que o ser humano não consegue sequer ter noção de quão profundos são a riqueza, a sabedoria e o conhecimento de Deus.

Paulo confirma tanto a proposição quando o senso de assombro ao afirmar em paralelismo que os juízos de Deus são inescrutáveis e os caminhos dele são incompreensíveis. Note que essas afirmações vêm logo após uma grande quantia de revelação! Mesmo após revelar tanto, ainda assim o que impressiona o apóstolo é a limitação humana para compreender os, em última instância, profundos, inescrutáveis e incognoscíveis planos de Deus na história!

Nos versículos seguintes, 34 e 35, Paulo empresta parte do texto de Isaías 40 e de Jó 41, dois dos textos do Antigo Testamento que mais enfatizam a grandeza soberana e o poder de Deus como sendo incomparavelmente maiores em relação aos seres humanos. Em Isaías 40 os continentes não passam de grãos de areia (Is 40.15) e todas as nações são menos do que nada (Is 40.17). A teologia de Israel é parcial e a teologia das nações, errada. Em Jó 41 Deus conclui sua fala sobre sua liberdade e grandeza, o que coloca Jó em uma posição de humildade e submissão aos planos soberanos do Deus que fez todas as coisas e as governa com sabedoria. Tanto a teologia de Jó quanto a de seus amigos estavam incompletas.

Ao emprestar as perguntas retóricas das poesias de Isaías 40.13 e Jó 41.11, Paulo fala sobre a impenetrabilidade, a liberdade, a independência e a originalidade dos pensamentos de Deus, mas, novamente, o apóstolo o faz de tal forma que o nosso senso estético junto com a razão nos levam a um ponto de humilhação e assombro diante da glória ou, para alguns, um senso de rebeldia contra um Ser tão poderoso e livre.

A conclusão paulina no versículo 36 mostra que ele escolheu o primeiro caminho. Ele afirma que tendo a sua origem em Deus (dele) e tendo sua existência em Deus (por meio dele), todas as pessoas e coisas devem homenagear, glorificar e cumprir voluntariamente os propósitos de Deus (para ele). Assim, por tudo o que as palavras anteriores do apóstolo significaram e em reconhecimento da limitação da razão humana diante dos planos do Senhor, Paulo conclama todos a glorificarem a Deus para sempre!

Portanto, por mais que estudemos com rigor metodológico. Por mais habilidade natural que tenhamos para compreeender sistemas e coisas. Por melhor e mais variada que seja a nossa formação acadêmica. Ainda que sejamos competentíssimo autodidatas. Por mais precisão que alcancemos em nossos pensamentos, sistemas, escrita e capacidade de expor. Até mesmo por mais encharcados que nos tornarmos do todo da revelação divina. Ainda assim teremos que assumir humilhados a nossa ignorância e pequenez diante da grandeza e profundidade da revelação de Deus e do Deus que se revelou e nos prostrar em adoração diante do Senhor dos Senhores.

A Ele a glória para sempre. Amém!

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Estrutura do Texto Grego
33 Ὦ βάθος
….. πλούτου
….. καὶ σοφίας
….. καὶ γνώσεως θεοῦ•
ὡς ἀνεξεραύνητα τὰ κρίματα αὐτοῦ
καὶ ἀνεξιχνίαστοι αἱ ὁδοὶ αὐτοῦ.
….. 34 Τίς γὰρ ἔγνω νοῦν κυρίου;
….. ἢ τίς σύμβουλος αὐτοῦ ἐγένετο;
….. 35 ἢ τίς προέδωκεν αὐτῷ,
….. καὶ ἀνταποδοθήσεται αὐτῷ;
………. 36 ὅτι
…………… ἐξ αὐτοῦ
…………… καὶ διʼ αὐτοῦ
…………… καὶ εἰς αὐτὸν τὰ πάντα•
……………….. αὐτῷ ἡ δόξα εἰς τοὺς αἰῶνας, ἀμήν.

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O Dinheiro Fala. A Bíblia também (Atos 4.32-35)

20/10/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

O dinheiro fala. E fala alto. O dinheiro fala muitas vezes ao ponto de calar a verdade, a amizade e a honra. O dinheiro por vezes cala até mesmo a devoção devida ao Deus que fez todas as coisas e a todos sustenta. A Bíblia também fala. E fala muito sobre dinheiro. Por exemplo:

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O homem fiel será cumulado de bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não passará sem castigo. (Provérbios 28.20)

Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra! (Isaías 5.8)

Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (Lucas 12.33-34)

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. (Lucas 16.13)

Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.  (1 Timóteo 6.8-10)

Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. (Hebreus 13.5)

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Visto que o dinheiro tem um poder de sedução grande o suficiente para disputar o lugar de Deus em nossas vidas, o livro de Atos faz questão de mostrar como a verdadeira conversão de pessoas mudou o seu senso de valores e sua maneira de lidar com suas posses. Em uma tradução dinâmica, Atos 4.32-35 fica assim: “O coração e a alma da multidão dos que creram eram um só. Ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía, mas tudo entre eles era comunitário. Os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e havia grande graça sobre cada um deles, pois ninguém passava necessidade entre eles. Como? Todos aqueles que eram donos de terrenos ou casas os vendiam. Eles traziam o dinheiro e deixavam diante dos apóstolos e o mesmo era distribuído conforme a necessidade”.

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Diversas vezes em Atos, Lucas faz questão de mostrar como os cristãos eram altruístas, em vez de egoístas. Aqueles que tinham maiores condições financeiras tinham prazer em vender suas propriedades em prol daqueles que passavam necessidade e que pertenciam à comunidade dos cristãos. Essa não era uma atitude obrigatória, exigida pelos apóstolos, mas era gerada pela transformação causada pelo evangelho. Como o coração e alma eram um, eles sentiam as necessidades dos outros como se fossem suas e não conseguiam ficar inertes. O grande poder e a grande graça refletidos na pregação apostólica, eram vividos na prática pela comunidade de forma que não havia nenhum necessitado entre eles.

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O desejo pelo acúmulo egoísta de casas e terrenos foi transformado em disposição de vendê-los a fim de que não houvesse necessidades não supridas. Havia confiança de que os apóstolos distribuiriam o dinheiro fiel e sabiamente e assim, a igreja pregava e vivia o evangelho genuinamente. Não havia comunismo, pois havia direito à propriedade privada, mas havia uma disposição espiritual (vinda do Espírito Santo) em cada um de colocar os seus bens à disposição dos necessitados. É claro que também havia desafios. Mesmo a igreja primitiva sofreu para manter esse padrão. Ananias e Safira mentiram a respeito da venda de seus bens (Atos 5) e as viúvas gregas reclamaram por estarem sendo esquecidas na distribuição de alimentos (Atos 6). Ainda assim, essa “comunitariedade” continuou mesmo quando a igreja se internacionalizou e as igrejas passaram a enviar dinheiro para os cristãos de Jerusalém que estavam sofrendo necessidades (Atos 24.17). Os próprios apóstolos davam o exemplo ensinando e dando dos seus próprios bens (Gálatas 2.10)

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A luz de Atos, portanto, e de todas as Escrituras, a conversão ao cristianismo genuíno muda a maneira que a pessoa lida com o dinheiro. O dinheiro deixa de ser uma obsessão e meio de adquirir prazeres egoístas e se transforma em um instrumento de bênção a ser administrado para a glória de Deus e investido nos necessitados e no reino de Deus. Se você é dominado pelo dinheiro, você ainda não é servo do Senhor. Se você é servo do Senhor, comece a usar o “seu” dinheiro e bens da maneira que Cristo usaria.

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Estrutura e Tradução Literal

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32 Τοῦ δὲ πλήθους τῶν πιστευσάντων

…..ἦν καρδία καὶ ψυχὴ μία,

…..καὶ οὐδὲ εἷς τι τῶν ὑπαρχόντων αὐτῷ ἔλεγεν ἴδιον εἶναι

…..ἀλλʼ ἦν αὐτοῖς ἅπαντα κοινά.

33 καὶ δυνάμει μεγάλῃ ἀπεδίδουν τὸ μαρτύριον οἱ ἀπόστολοι τῆς ἀναστάσεως τοῦ κυρίου Ἰησοῦ,

χάρις τε μεγάλη ἦν ἐπὶ πάντας αὐτούς.

……….34 οὐδὲ γὰρ ἐνδεής τις ἦν ἐν αὐτοῖς·

……………ὅσοι γὰρ κτήτορες χωρίων ἢ οἰκιῶν ὑπῆρχον,

………………..πωλοῦντες

……………ἔφερον τὰς τιμὰς τῶν πιπρασκομένων

……………35 καὶ ἐτίθουν παρὰ τοὺς πόδας τῶν ἀποστόλων,

………………..διεδίδετο δὲ ἑκάστῳ καθότι ἄν τις χρείαν εἶχεν.

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32 Da multidão dos que creram

…..era um coração e alma

…..e nenhum daqueles que possuíam algo dizia ser seu

…..mas tudo entre eles era comum.

33 E com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus

E assim havia grande graça sobre todos eles,

…..34 pois nem mesmo havia necessitado entre eles

……….Pois todos que eram donos de campos ou casas,

………………..vendendo,

……………traziam o valor do que fora vendido

……………35 e colocavam aos pés dos apóstolos

………………..sendo distribuído a cada um conforme alguém tinha necessidade.

 

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Sono da Alma? OU O que acontece quando morremos?

05/10/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

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Sono da alma é o ensino de que no período entre a morte e a ressurreição que ocorrerá no futuro, a alma fica em um estado de inatividade, uma espécie de ato de dormir. Esse ensino é promovido por grupos como os adentistas e testemunhas de Jeová. Lutero, em uma de suas cartas também pendeu para tal posição: “…portanto, a minha opinião é que essas coisas são incertas. É mais provável, no entanto, que com poucas excessões, todos aqueles que morreram estão dormindo sem possuir nenhuma capacidade de sentir” (Veja este artigo sobre o assunto).

O que a Bíblia ensina sobre o assunto? É correto dizer que assim como o corpo, a alma também morre e fica inativa? Esse post defenderá que o ensino do sono da alma está errado à luz das Escrituras. Deixaremos que os textos bíblicos falem por si mesmos.

Em primeiro lugar, devemos nos lembrar de que o conceito de dormir, quando aplicado à morte, é necessariamente uma metáfora. Essa metáfora é usada diversas vezes na Bíblia:

2 Reis 14.16 Descansou [Lit: dormiu] Jeoás com seus pais e foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel; e Jeroboão, seu filho, reinou em seu lugar.

Daniel 12.2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.

Mateus 9.24 Retirai-vos, porque não está morta a menina, mas dorme. E riam-se dele. (Veja também Marcos 5.39; Lucas 8.52)

Mateus 27.51-53 Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; 52 abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; 53 e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.

João 11.11-14 Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. 12 Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. 13 Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. 14 Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu;

Atos 7.60 Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.

Atos 13.36 Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção.

1 Coríntios 15.6, 18-21 Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem… 18 E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. 19 Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. 20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. 21 Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.

1 Tessalonicenses 4.13-15 Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. 14 Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. 15 Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.

2 Pedro 3.4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.

A maioria desses textos está relacionada à ressurreição (veja os contextos) e fica claro que o foco dos mesmos está no corpo e não no espírito (alma) daquele que está dormindo. Assim, o erro do ensino do sono da alma é aplicar à alma aquilo que as Escrituras falam a respeito do corpo. A metáfora do “sono do corpo”, aponta para o fato de que as pessoas mortas não deixaram de existir, mas seus corpos estão em um estado de inatividade (adormecidos) até que suas almas sejam novamente unidas aos mesmos.

Mas, e quanto a alma, qual é a situação das almas dos que morreram? A evidência bíblica aponta para o fato de que essas almas estão vivas e conscientes, seja em um estado de alegria na presença de Jesus Cristo (a alma daqueles que creram), seja em um estado de sofrimento.

Gênesis 5.24 Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si.

Lucas 9.30-31 Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, 31 os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.

Lucas 16.22-23 Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. 23 No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.

Lucas 20.37-38 E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. 38 Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem.

Lucas 23.43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

Atos 7.55-59 Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, 56 e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. 57 Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. 58 E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. 59 E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!

Efésios 3.14–15 Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, 15 de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra,

Filipenses 1.23 Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.

1 Tessalonicenses 5.9-10 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, 10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.

Romanos 14:9 Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.

2 Coríntios 5.8 Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.

Apocalipse 6:9–11 Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. 10 Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? 11 Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.

Acredito que os textos acima deixam muito claro que as almas daqueles que morreram não ficam em um estado de inatividade, ou sono, mas em um estado de consciência gozando consolo e até orando a Deus por justiça, ou sofrendo tormentos. Assim, no chamado estado intermediário as almas não estão dormindo, mas ativas, experimentando os primeiros frutos resultados daquilo que a sua fé ou falta de fé resultou, seja gozo ou danação.

Para completar a história das almas, vale lembrar que o testemunho bíblico afirma que todas as almas serão ressuscitadas para o julgamento final e, então, haverá alegria eterna, em corpo e alma, para aqueles que creram e sofrimento eterno, em corpo e alma, para aqueles que não creram.

João 5.25-29 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. 26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. 27 E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. 28 Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: 29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.

João 11.25-26 Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26 e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?

Romanos 6.5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição

1 Coríntios 6.14 Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.

1 Coríntios 15.20-24; 42-44; 49; 51-57 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. 21 Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. 22 Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. 23 Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. 24 E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder… 42 Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. 43 Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. 44 Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual… 49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial… 51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 53 Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. 54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. 55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? 56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. 57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.

1 Tessalonicenses 4.16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. 18 Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.

Apocalipse 20.11-15 Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. 12 Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. 13 Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. 14 Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. 15 E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.

Conclusão

A Bíblia é muito clara com relação ao que acontece com os corpos e as almas de todas as pessoas que morrem após a vinda do Senhor Jesus Cristo. O corpo entra em um estado de inatividade e decomposição, que a Bíblia chama metaforicamente de dormir. A alma dos cristãos entra imediatamente na presença de Cristo em um estado de consciência e alegria. Essa alegria ainda é incompleta pois a justiça de Deus ainda não terá sido feita de maneira completa. As almas daqueles que não creram entram em um estado de sofrimento. Todas as almas vão ressuscitar para o julgamento final. Os cristãos vão usufruir dos novos céus e nova terra e os que não creram serão lançados no lago de fogo e enxofre. Vale a pena aqui concluir com Calvino:

Entretanto, inquirir de seu estado intermediário, com demasia curiosidade, não é lícito, nem convém. Muitos se atormentam em demasia, disputando que lugar ocupam as almas nesse estado e se porventura já desfrutam ou não da glória celestial. Com efeito, é estulto e temerário indagar de causas desconhecidas mais profundamente do que Deus nos permita saber. A Escritura não avança além de dizer que Cristo está presente com elas e as recebe no Paraíso, para que desfrutem de consolação, e que as almas dos réprobos, porém, sofrem tormentos segundo seu merecimento. Que doutor ou mestre, agora, nos revelará o que Deus ocultou? (Calvino, 2006, 3.25.6)

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Que Mundo Deus amou em João 3.16?

29/09/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

Juntamente com Salmo 23.1, João 3.16 é o versículo bíblico mais conhecido dos cristãos. Desde cedo somos levados a memorizar esse versículo e motivados a recitá-lo para outros. É uma espécie de resumo do evangelho que aborda o amor de Deus e a necessidade de crer para usufruir vida eterna. O versículo diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna“.

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Enquanto o significado geral desse versículo é muito claro, é possível dizer que o mesmo também apresenta dificuldades de interpretação. Uma das dificuldades de interpretação de João 3.16 é, qual é o significado de “mundo” neste versículo (quase todas as demais palavras do versículo também podem ter mais de um significado). Acredito que as interpretações mais comuns são (1) “mundo” no sentido de cada pessoa sem exceção e (2) “mundo” no sentido de pessoas de todos as raças, línguas, classes sócio-econômicas, mas não cada uma delas. Defendo nesse post que nenhuma dessas interpretações é correta, mas aquela que afirma que “mundo” em João 3.16 faz referência à toda a criação de Deus.
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Não é à toa que existem interpretações diferentes dos textos bíblicos! Um dos motivos diz respeito à natureza dinâmica da linguagem. Palavras têm múltiplos significados. Os linguistas usam o conceito de campo semântico, um “círculo” que abrange significados distintos comportados por uma mesma palavra. O campo semântico de algumas palavras é bastante amplo e, para complicar ainda mais, alguns autores utilizam palavras de maneira personalizada. Assim, é possível que “mundo” em Paulo possa ter alguns sentidos específicos que não encontramos em João! Essa é uma das razões pelas quais estudar teologia é tão estimulante!!
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Assim, para entender como um autor bíblico usa uma palavra devemos:
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  1. Verificar quais são os significados comuns da palavra e testar sempre os significados mais comuns primeiro.
  2. Verificar todos os usos que o autor faz daquela mesma palavra, inclusive em outros livros.
  3. Verificar se há consistência nesse uso e considerar os usos mais comuns da palavra por aquele autor.
  4. Examinar o contexto de cada ocorrência, para ver se a palavra está sendo utilizada com o mesmo sentido ou com nuances diferentes.
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Não vou dar aqui todos esses passos com relação ao uso de “mundo” no evangelho de João, mas dar alguns desses passos de maneira simplória no sentido de ver qual é o sentido mais provável para esta palavra. 
Segundo o melhor dicionário de grego koinê (BDAG), os possíveis sentidos de “mundo” (cosmos, κόσμος) em grego helenístico são:
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κόσμος, ου, ὁ ① aquilo que serve para embelezar por meio de decoração, adorno; ② condição de ordem, organização ordeira, ordem; ③ a soma total de todas as coisas aqui e agora, o mundo, o universo (em ordem); ④ a soma total de todos os seres acima do nível dos animais, o mundo; ⑤ o planeta terra como lugar de habitação, o mundo; ⑥ a humanidade em geral, o mundo; ⑦ o sistema da existência humana em seus diversos aspectos, o mundo; ⑧ o aspecto coletivo de uma entidade, totalidade, soma total.
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Destes, os significados mais comuns na Bíblia são o 3 e o 5 (a Bíblia via de regra não faz grande distinção entre esses dois), o 4 e o 6, e o 7, especialmente quando usa mundo para falar sobre o sistema humano caído onde o pecado por enquanto impera.
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Quais são os significados prováveis da palavra “mundo” no evangelho de João? Quando Cristo entra no mundo (João 1.9-10), ele está entrando na realidade da matéria, no mundo material criado pelo próprio Deus. Ele está adentrando a um novo modo de existência, diferente do espiritual. Note que aqui em João 1.9-10, “mundo” não diz respeito somente aos seres humanos, mas a toda a ordem material criada por Deus em Gênesis 1.1, o Universo material, planeta terra e demais planetas, galáxias, etc.
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Sendo essa a primeira acepção da palavra mundo em João, creio que é justo tentarmos utilizá-la sempre que possível. Caberia dizer que Jesus tira o pecado do mundo (João 1.29), no sentido de que ele purificará o universo do poder maléfico do pecado? Acredito que sim.
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E quanto a João 3.16, seria possível dizer que o fato de Deus ter enviado o seu Filho ao “mundo” (segundo João 1.9), foi o fato de que ele amou este mesmo “mundo” (João 3.16), ou seja, a sua própria criação, o cosmos que ele mesmo criou para manifestar a sua glória? Novamente, acredito que sim e que essa é a melhor leitura para o texto. Assim, não temos nesse texto nem uma referência a predestinação (mundo apontando para todas as classes de pessoas), nem para o arminianismo (mundo no sentido de cada pessoa), mas um texto que mostra que o amor de Deus é dedicado à sua criação como um todo, tudo aquilo que ele expressou que era muito bom em Gênesis 1.
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O versículo seguinte, João 3.17 parece confirmar essa interpretação ao explicar o 16 dizendo: “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele“. Note que, embora possível, seria difícil João estar mudando tão rapidamente o sentido da palavra mundo. Aqui, mundo aponta para a realidade material para a qual Jesus veio, da mesma forma que o versículo 19: “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más“. Assim, podemos dizer que Jesus veio salvar o mundo todo, a sua criação, mas não todas as pessoas e coisas específicas da presente realidade.
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A salvação de Deus é mais abrangente do que salvar um grupo de pessoas da raça humana. A salvação bíblica envolve a redenção de toda a criação e João 3.16 de alguma forma aponta para isso. O texto também aponta, evidentemente, para o fato de que nem todos serão alvos dessa redenção, pois isso depende da fé (João 3.16) e, em última instância, da vontade de Deus (João 1.12-13).
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Qual é, então, o significado de “mundo” em João 3.16? “Mundo” em João 3.16 aponta para a criação material de Deus, que é amada por ele e será restaurada quando Jesus estabelecer o Novos Céus e a Nova Terra. Esse estudo pode ser proveitosamente aumentado com a análise das demais ocorrências de “mundo” no evangelho de João e nos demais escritos joaninos. Alguém se habilita?

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Restauração para a Mulher Pecadora

21/09/2016 by João Paulo Thomaz de Aquino

(Baseado na história narrada em Lucas 7.36-59.)

Ela era uma mulher aflita. Por causa de um divórcio e diversos relacionamentos tanto com homens casados quanto solteiros ganhou reputação de mulher que não presta, mulher pecadora. Tanto homens quanto mulheres a olhavam com desdém e desprezo e ela não era bem-vinda em nenhum lugar, vivia só.

Cansada dos seus pecados e das consequências dos mesmos, decidiu mudar. Sem encontrar forças em si mesma ouviu falar de um tal Jesus que evangelizava a boa notícia da possibilidade de receber perdão e viver uma nova vida, entrar em um novo reino, ser purificada, restaurada, valorizada e amada pelo próprio Deus encarnado. Ao ouvi-lo na multidão o seu coração se aqueceu. Aquelas palavras pareciam um convite amoroso de um amigo de longa data. As palavras de Jesus derramavam graça, mas não era uma graça barata, pois apontavam também a necessidade e possibilidade de viver vida nova, com novos valores e em novo caminho.

Enquanto passava por uma transformação profunda, sobrenatural e silenciosa, a mulher nem percebeu que Jesus havia saído com alguns fariseus. Como quem havia perdido o caminho ela saiu perguntando se alguém vira para onde Jesus fora. Disseram-na que ele estava na casa de Simão, o fariseu. Mas como entrar ali? Como suportar os olhares de reprovação de todos aqueles homens? Não importava, ela queria estar perto de Jesus, não importava o custo. Mas, como aparecer de mãos vazias diante daquele que lhe dera vida?

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Vaso de alabastro da época de Jesus

Passando em casa, a mulher pecadora pegou aquilo que tinha de mais precioso. Era um vaso de alabastro com um valioso óleo perfumado. Ela não sabia como, mas queria honrar Jesus, demonstrar-lhe sua imensa gratidão pelo novo sentido que dera à sua vida. Ao entrar na casa, ela nem ficou reparando nos diversos olhares de reprovação. Sua missão era simples, queria encontrar o Senhor. Vendo-o reclinado à mesa, comendo e conversando, não quis interromper o mestre. Assim, ela se abaixou aos pés de Jesus, lavou-os com suas lágrimas de arrependimento e gratidão, enxugou-os com seus cabelos, beijou diversas vezes aqueles pés benditos e ungiu-os com seu bem mais precioso, o óleo perfumado que rapidamente tomou conta de todo o ambiente.

A mulher não sabia qual seria a atitude de Jesus e nem o que falariam aqueles honrados fariseus. Ela percebeu que cochichavam, mas não se importava, pois estava aos pés de Jesus. De repente ela ouviu Jesus falar com o dono da casa, embora o olhar do mestre estivessnela. Ele a estava comparando com o honrado Simão. Mas nas palavras de Jesus, ela havia tido uma atitude mais correta do que o fariseu. Nunca alguém a defendera em público. Nunca fora honrada diante dos homens. Jesus vira seu coração e o grande amor que tinha por ele. Depois de justificar a sua atitude diante dos homens, Jesus lhe falou as palavras que nunca mais esqueceu: “Perdoados são os teus pecados. A tua fé te salvou; vai-te em paz.” Perdão, salvação e paz! Era tudo o que ela queria, tudo o de que precisava. Jesus havia mudado a sua vida radicalmente. Não mais a mulher pecadora, mas a mulher perdoada, salva e em paz.

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He Qi, artista chinês, radicado nos EUA. http://www.heqigallery.com/

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