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Lei ou Evangelho?

March 25, 2015 by João Paulo Thomaz de Aquino Leave a Comment

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Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram (Salmo 85.10)

 

“O conhecimento desse tópico, a distinção entre lei e evangelho, é necessário no mais alto grau, pois ele contém um sumário de toda a doutrina cristã”.[1] Com essa frase Oden abre um capítulo sobre lei e evangelho em seu livro sobre aconselhamento bíblico.

Lei e evangelho/graça são dois conceitos bíblicos riquíssimos, importantes e um tanto complicados no que diz respeito ao relacionamento entre a velha e a nova aliança.[2] O que vamos fazer aqui nesse post é somente “arranhar a tinta do assunto”, esperando que outros se empolguem e o apliquem e desenvolvam.

A partir da Reforma Protestante, lei e evangelho passaram a ser estudados juntos e se tornaram muito importantes para a leitura da Bíblia e a prática da vida cristã por parte dos reformadores.[3] Para os reformadores, a Bíblia como um todo, Antigo e Novo Testamentos, contém lei e graça. Segundo Childs, Barth também afirmava que a Bíblia toda contem lei e evangelho e defendia que a lei é uma forma de evangelho.[4]

A compreensão que muitos cristãos tem de lei e evangelho, no entanto, é contraria a dos reformadores, podendo ser demonstrada da seguinte forma:

 

Antigo Testamento: Lei (obras)

Novo Testamento: evangelho (graça)

 

Essa é uma maneira errada de olhar para as Escrituras e para a vida cristã. Como os reformadores, devemos entender lei e evangelho como dois grandes temas que abrangem toda a revelação especial de Deus, inclusive Antigo e Novo Testamentos. Na verdade, o Deus que é luz (1Jo 1.5) e também é amor (1Jo 4.8) quer que nós andemos em seus caminhos (lei) como filhos amados (adoção). Assim, ele mesmo nos transforma (justificação e santificação) e possibilita que vivamos de maneira agradável para ele, em Cristo.

É por isso que João, em sua primeira carta, une conceitos aparentemente antagônicos como amor e mandamentos: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos” (1Jo 5.3). Em 1 João, o apóstolo usa conceitos como ‘mandamentos, verdade e luz’ para focar mais no aspecto legal da revelação e temas como ‘amor, amar, comunhão e conhecer’ para enfatizar o evangelho. É muito comum, no entanto, encontrarmos esses temas misturados e unidos no mesmo versículo.

Assim, como acontece no resto das Escrituras, lei e evangelho devem ser utilizados para interpretarmos 1 João e toda a vida cristã. A resposta humana apropriada à santidade de Deus (Deus é luz) é o temor. A resposta apropriada ao amor de Deus (Deus é amor) é o nosso amor de volta para ele (porque ele nos amou primeiro). Por outro lado, o exagero de um desses dois temas na vida cristã, gera um coração atribulado e oprimido pela lei (caso de alguns leitores de João) ou uma atitude irresponsável e libertina para com os mandamentos de Deus (caso de alguns falsos mestres que estavam rondando a igreja de João).

Qual é a tua tendência natural: enfatizar a lei ou a graça de Deus? Aplicar mais a lei ou a graça de Deus para si mesmo? Qual dos dois você aplica mais em seus relacionamentos?

Espero falar mais sobre o assunto alguma hora dessas. Para tentar facilitar as coisas, entretanto, fiz a tabela abaixo e espero que seja útil.

Bênçãos,

 

 

Atributos de Deus

Revelação Como se apresentam Modo Verbal Resposta humana correta Resultado quando exagerado

Temas em 1 João

Deus é Luz Lei Mandamentos Imperativos Temor Culpa irreparável mandamento, verdade, luz.
Deus é amor Evangelho/Graça Promessas Indicativos Amor Libertinagem amor, amar, comunhão, conhecer.

 

[1] Thomas C. Oden, Pastoral Counsel (Classic Pastoral Care; New York: Crossroad, 1989), 199.

[2] Veja: https://www.logos.com/product/16624/five-views-on-law-and-gospel

[3] Robert Kolb, “Law and Gospel”, The encyclopedia of Christianity (Grand Rapids, MI; Leiden, Netherlands: Wm. B. Eerdmans; Brill, 1999–2003), 216.

[4] Brevard S. Childs, Biblical Theology of the Old and New Testaments: Theological Reflection on the Christian Bible (Minneapolis, MN: Fortress Press, 2011), 552.

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Filed Under: Devocionais, Exegese Tagged With: Evangelho, Graça, Lei

A Lei do Espírito – Parte 2

January 20, 2015 by Ricardo Meneghelli Leave a Comment

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(Copyright: 2015) Ricardo Meneghelli - A Revelação do Evangelho na Carta aos Romanos

Observe a ilustração acima. A força do pecado, que está na carne, e o poder do Espírito, que habita a nova natureza, atuam em nosso interior determinando o phronema. A lei que for mais forte irá determinar a orientação da nossa atitude interior e, consequentemente, influenciar nossa maneira de viver.

Uma pessoa cujo phronema, ou orientação da atitude interior, está voltada para a carne, apresentará um comportamento carnal e não conseguirá agradar a Deus nem fazer sua vontade, pois uma atitude carnal é inimiga de Deus.

Romanos 8:7-8 A mentalidade (phronema) da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.

Sabemos, no entanto, que “os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e os seus desejos” . Mas o viver carnal anterior à conversão deixou marcas profundas em seu interior formando diversos hábitos, costumes e sofismas, típicos da carne, que precisam ser superados pela atuação do Espírito. Por isso, somos exortados a viver pelo Espírito para “não satisfazer os desejos da carne”. Isso significa que apesar de termos crucificado a carne, ela ainda nos envolve e, pelo fato do pecado estar enraizado nela, ela continua a influenciar a conduta pela atuação da lei do pecado. Dessa forma, percebemos é que ainda é possível que uma pessoa que nasceu de novo “ande segundo a carne”, embora essa pessoa não esteja “na carne”.

Quando Paulo escreve aos coríntios, ele afirma que eles tinham palavra, conhecimento, dons e que o testemunho de Cristo havia sido confirmado entre eles , ou seja, eles manifestavam características espirituais de pessoas nascidas-de-novo. Um pouco mais adiante, no entanto, ele disse que essas mesmas pessoas estavam vivendo como carnais:

1Coríntio 3:1-2 Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo.  Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais.

Segundo esse texto, uma pessoa que nasceu de novo pode apresentar um comportamento carnal, influenciado pela carne, como alguém imaturo, uma criança em Cristo. O que não significa que ela seja uma pessoa imoral, que vivia em promiscuidade, pecando o tempo todo, mas que, por “meninice”, não vive a plenitude da vida que Deus tem para ela por meio do Espírito. Isso acontece porque o pecado continua a exercer poder, atraindo-o para a carne e provocando um viver carnal. Essa pessoa precisa se fortalecer no Espírito para que a lei do Espírito exerça um poder maior em seu interior para transformar sua conduta.

Surge, então, um conflito constante entre o Espírito e a carne e quem prevalecer determina a orientação do comportamento. É muito importante compreender que esse combate é do Espírito e não nosso. É ele quem luta contra a carne. No entanto, nós somos os mediadores dessa luta, pois podemos fortalecer a um ou a outro em nosso interior, determinando assim o vencedor.

 

Recursos Logos Utilizados:

Moo, D. J. (1996). The Epistle to the Romans. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co.

Moo, D. J. (2002). Encountering the book of Romans : a theological survey. Grand Rapids, MI: Baker Academic.

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Filed Under: Devocionais Tagged With: espírito, Lei, parte 2

A Lei do Espírito – Parte 1

January 12, 2015 by Ricardo Meneghelli 1 Comment

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Romanos 8:2 porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte.

O texto acima mostra que, em todas as pessoas, existem duas leis operando de forma a determinar seu comportamento: A Lei do Espírito e a Lei do Pecado.

A Lei do Pecado é uma fora ativa, que leva a pessoa a cometer pecados, ainda que seja contra a sua vontade (Rm 7:19-24). A natureza humana é prisioneira da lei do pecado, está subjugada a um poder estranho a sua vontade e, por si mesma, não consegue livrar-se. A conclusão inevitável, quando alguém olha para a carne, então é: “miserável homem que sou”, preciso ser liberto do domínio que o pecado exerce sobre meu corpo mortal.

Lei do Espírito, por sua vez, vigora por meio da presença viva do Espírito Santo dentro de nós e nos liberta do poder do pecado e da morte. Ele agirá interiormente, convencendo do pecado, gerando sede de Deus, desejo de ler as Escrituras e produzindo adoração, louvor, amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Ela se oporá a todo pecado e chegará até nossas fraquezas concedendo poder e graça para sermos santos. A lei do Espírito foi estabelecida com a autoridade de Deus por meio de Cristo Jesus, sobre todos os Seus filhos, sendo a única forma de libertação da lei do pecado.

A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus vai influenciar diretamente a maneira como vivemos, pois o Espírito Santo vai agir em nós guiando nossa conduta conforme a vontade de Deus.

Romanos 8:5-6 Quem vive segundo a carne tem a mente voltada (phronousin) para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A mentalidade (phronema) da carne é morte, mas a mentalidade (phronema) do Espírito é vida e paz.

A chave para a compreensão dessa passagem, está na palavra grega “phroneo”, da qual derivam “phronousin” e “phronema”, traduzidas nos textos acima como “mente voltada para” e “mentalidade”. Ela tem um significado muito rico e difícil de ser expresso em um único termo. Traduzi-la simplesmente como “inclinação” ou “mentalidade” prejudica significativamente a ideia que ela transite e, consequentemente, a compreensão do texto, pois além da ideia de “pensar” ela também envolve em seu significado o “cogitar interior”, “julgar”, “sentir”, “forma de pensar”, “dirigir a mente para algo”, “ter opinião”, “forma de pensar” (veja também outros textos onde encontramos esse termo e seu amplo significado: Mt 16:23, Fp 2:2, 2:5, 3:15, 4:2, Cl 3:2, Rm 12:16, 14:6). Ele expressa mais do que o agir da mente, envolve também o sentimento, está relacionada ao conceito de “atitude” (do qual deriva o comportamento) e com o objeto da atenção, ou seja, para onde está voltada a atenção, o pensamento ou a atitude. Ela expressa a disposição ou a orientação da atitude interior que determina a conduta da pessoa. Uma tradução alternativa para o texto poderia se a seguinte:

“Os que são segundo a carne, tem a ‘orientação da atitude interior voltada para’ a carne. Mas os que são segundo o Espírito, para o Espírito. A ‘orientação da atitude interior voltada para a carne’ é morte, mas a ‘orientação da atitude interior’ voltada para o Espírito é vida e paz”.

É a “orientação da atitude interior” expressada pela palavra phronema que determina como será nossa conduta e nossa maneira de viver. Se nossa disposição interior estiver voltada para a carne, nossa conduta será carnal. Mas se ela estiver voltada para o Espírito, nossa maneira de viver será espiritual. Visto ser esse fator central para a questão do comportamento humano, surgem as seguintes questões: É possível mudar essa orientação da atitude interior e transformar a maneira de viver de uma pessoa? Caso seja possível, o é que determina essa orientação interior?

Em uma pessoa não regenerada, embora essa orientação interior possa variar, ela está restrita a esfera da carne e é impossível que ela se volte para Deus por causa da força do pecado. Ela vive segundo a carne e sua conduta será sempre carnal. Sua disposição interior não tem alternativa e estará sempre alinhada com sua natureza pecaminosa. Porém, para aqueles que nasceram de novo e receberam uma nova natureza livre do domínio de pecado, essa orientação pode ser mudada pela atuação do Espírito Santo, tornando o comportamento da pessoa agradável a Deus. Em seu interior existem duas leis, ou forças, capazes de alterar essa orientação interior: a lei do pecado e a lei do Espírito.

Recursos Logos Utilizados:

Louw, J. P., & Nida, E. A. (1996). Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains (electronic ed. of the 2nd edition.). New York: United Bible Societies.

Sociedade Bíblica do Brasil. (2002). Concordância Exaustiva do Conhecimento Bíblico. Sociedade Bíblica do Brasil.

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Filed Under: Exegese Tagged With: espírito, Lei, pecado, Romanos

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