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Uma Palavra Evangelística Sobre o Dia do Senhor (Malaquias 3.13-4.5)

Chegamos com este ao último post sobre a mensagem do profeta Malaquias. Os posts anteriores foram:

 

 

É possível adequar Malaquias na estrutura tríplice dos mandatos da aliança de Deus: espiritual, social e cultural.

Malaquias

Se você analisar em quantos textos Malaquias trata sobre o mandato espiritual e o que ele fala, perceberá que o profeta prioriza totalmente neste mandato e que ele relaciona as dificuldades nas outras áreas da vida (social e cultural)ao fato de que o povo de Deus estava vivendo com o seu coração longe do Senhor.

A última mensagem do mensageiro de Yahweh (Malaquias) ao povo, diz respeito ao que Deus tem preparado para o futuro tanto daqueles que lhe são fiéis quanto dos demais. O mesmo problema tratado em Malaquias 2.17—3.6 está em foco nessa passagem, mas aqui Deus deixa mais claro quais são os seus planos para o futuro:

Mal3-4

Até mesmo em uma análise superficial é possível ver que as ideias centrais so texto são Yahweh (dos Exércitos), tudo está relacionado a Ele, temor ao Senhor e o Dia do Senhor. A divisão entre os capítulos 3 e 4 é totalmente artificial. A Bíblia Hebraica, inclusive, não apresenta um quarto capítulo, mas continua o capítulo 3 até o final do livro. Além de ter uma conjunção (Pois, כִּֽי־הִנֵּ֤ה), o assunto continua o mesmo, ou seja, o Dia do Senhor.

Como todos os demais parágrafos em Malaquias, este começa com um diálogo entre Deus e o povo:

Deus: “Vocês têm dito palavras duras contra mim”,

Povo: ‘O que temos falado contra ti?’

Deus: “Vocês dizem: ‘É inútil servir a Deus. O que ganhamos quando obedecemos aos seus preceitos e ficamos nos lamentando diante do Senhor dos Exércitos? Por isso, agora consideramos felizes os arrogantes, pois tanto prosperam os que praticam o mal como escapam ilesos os que desafiam a Deus!’” (NVI)

Note que, novamente, Deus traz à tona aquilo que estava dentro do coração do seu povo e, novamente, o problema diz respeito a sentir inveja daqueles que não são povo de Deus. Eles estavam achando que não valia a pena ser justo, assim como outros servos de Deus ao longo da história (Salmo 73.13-14; Jr 12.1; Hc 1.2-4; Sf 1.12).

Não fica claro se o versículo 16 está se referindo a essas pessoas ou a outros, que são chamados de os que temem ao Senhor. É dito que eles falavam uns aos outros, mas, o que eles falavam entre si? Será que Deus está se referindo aos questionamentos de sua justiça ou a palavras de mútuas ânimo e motivações à fidelidade? É difícil ter uma resposta definitiva para isso. O fato é que é possível chegar a um estado de sofrimento tal em que mesmo o justo questione os atos de Deus, mas o justo nunca perderá o temor do Senhor nesse processo.

 

Qual é a resposta de Deus para aqueles que O temem?

 

A resposta de Deus envolve cinco ações de Deus:

  1. o Senhor os ouviu com atenção.
  2. Foi escrito um livro como memorial na sua presença acerca dos que temiam o Senhor e honravam o seu nome.
  3. “No dia em que eu agir”, diz o Senhor dos Exércitos, “eles serão o meu tesouro pessoal
  4. Eu terei compaixão deles como um pai tem compaixão do filho que lhe obedece.
  5. Então vocês verão novamente a diferença entre o justo e o ímpio, entre os que servem a Deus e os que não o servem. (NVI)

1. Deus nos ouve com atenção quando clamamos a ele em meio ao nosso sofrimento. 2. A segunda ação de Deus é apresentada por meio de uma metáfora: Deus faz um memorial, algo físico fica diante dele para que ele se lembre daqueles que temem o honram o seu nome. A ideia que essa metáfora quer transmitir é de que Deus necessariamente vai lembrar favoravelmente dos seus filhos da aliança. 3 e 4. Com duas outras metáforas, Deus mostra como ele vai cuidar daqueles que o temem. Eles serão um tesouro especial e serão tratados como filhos obedientes. Imagine que sua casa pegue fogo, qual seria a sua atitude? Quem ou o que você correria para salvar? Deus diz que aqueles que o temem são as pessoas (filhos) e coisas (tesouro pessoal) que ele vai salvar. O cristão não preciosa ter medo do Dia do Senhor, pois aquele que teme ao Senhor será preservado e guardado como o tesouro especial e o filho de Deus. 5. O quinto aspecto apresenta a resposta para o problema levantado no começo do texto. Vale a pena servir ao Senhor? Embora neste mundo caído e amaldiçoado isso às vezes não fique claro, no dia da volta do Senhor Jesus e do grande julgamento Deus deixará muitíssimo claro que sim! Vale a pena servir e temer ao Senhor!

 

Características do Dia do Senhor

 

O nosso texto termina com uma palavra escatológica (sobre o final dos tempos, a consumação), uma descrição do Dia do Senhor. Tem que ficar claro para o leitor, no entanto, que as profecias do Antigo Testamento tem uma perspectiva diferente na entrega e no cumprimento. As profecias são proferidas à vista, mas muitas vezes o cumprimento é à prazo, ou seja, aquilo que parecia se cumprir de uma vez quando profetizado, se cumpre em diversas fases na prática.

“Pois certamente vem o dia, ardente como uma fornalha. Todos os arrogantes e todos os malfeitores serão como palha, e aquele dia, que está chegando, ateará fogo neles”, diz o Senhor dos Exércitos. “Não sobrará raiz ou galho algum. Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas. E vocês sairão e saltarão como bezerros soltos do curral. Depois esmagarão os ímpios, que serão como pó sob as solas dos seus pés, no dia em que eu agir”, diz o Senhor dos Exércitos. “Lembrem-se da Lei do meu servo Moisés, dos decretos e das ordenanças que lhe dei em Horebe para todo o povo de Israel. “Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor. Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição.” (NVI)

Tentarei organizar em ordem cronológica o que o nosso texto fala sobre o Dia do Senhor, levando em consideração aquilo que sabemos a partir do Novo Testamento:

  1.  Virá o profeta Elias: já veio na pessoa de João Batista (Mt 11:14; 17:10–13; Mc 9:11–13; Lc 1:17; Jo 1:21) e pregou uma mensagem que resultou na conversão de muitos, como também no endurecimento de outros. A promessa é que se os pais e filhos não se convertessem totalmente uns aos outros (o que não aconteceu), Deus viria e feriria a terra com maldição (o começo do cumprimento disso foi a queda de Jerusalém no ano 70 d.C.).
  2. Para os que temem o nome de Deus é prometido que nasceria o sol da justiça trazendo salvação (cura) em suas asas (raios)! Não é sem motivo que Zacarias chamou Jesus de o sol nascente das alturas (Lucas 1.78). Jesus é esse sol maravilhoso que traz calor, luz e salvação para aqueles que temem o nome de Yahweh. E por causa desse sol, O Senhor diz aqueles que esperam a salvação saltarão como bezerros soltos no curral! Assim como o paralítico curado à porta do templo entrou saltando e louvando a Deus (Atos 3.8), assim deve ser para aqueles que conhecem Jesus Cristo como o seu Salvador. A alegria deve caracterizar aqueles que temem o Senhor. Esse aspecto da profecia aconteceu, embora ainda não completamente.
  3. Finalmente o terceiro aspecto escatológico da profecia de Malaquias, mostra o julgamento e condenação daqueles que não temeram Yahweh, não aceitaram Cristo como seu Salvador e Senhor e desdenharam a justiça de Deus. As imagens aqui são de uma condenação impetrada com extrema violência. Quando o Dia do Senhor chegar os arrogantes e malfeitores serão queimados assim como a palha é lançada no fogo (Veja Mateus 3.11-12). A imagem se torna ainda mais forte quando diz que os que temem ao Senhor serão como bezerros que saltarão com seus pés e esmagarão aqueles que não amam o Senhor dos Exércitos. Estes serão como pó sob a sola dos pés dos que foram justificados pela fé.

 

Conclusão

 

  • Embora às vezes pareça demorado, Deus fará justiça plena na terra. Todo ato injusto será punido (ou já foi em Cristo) e todo temor ao Senhor e fé serão recompensados. “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? (Lucas 18-7-8)
  • Deus ouve atentamente aqueles que o temem. Ele tem um memorial diante de si para se lembrar deles. Ele os preservará como um tesouro pessoal e como um filho querido. Ele lhes fará justiça. Sobre eles nascerá o sol da justiça trazendo salvação e cura. Eles serão vindicados. Eles saltarão de alegria como bezerros soltos na estrebaria.
  • Por mais indigesta e dura que seja, a doutrina do inferno é uma doutrina bíblica (Marcos 9.48; Mateus 25.30; Lucas 16.23). Aqueles que não se arrependerem dos seus pecados e não crerem em Jesus, terão que enfrentar em si mesmos o justo castigo pelos seus pecados (motivações, pensamentos, palavras e atitudes contrários a pureza de Deus). Haverá castigo terrível contra eles. Arrependei-vos e crede no evangelho enquanto há tempo!
  • A clamor por justiça e vingança pode não fazer muito sentido para cristãos que não tem enfrentado perseguições. Imagine no entanto um cristão cuja a casa é destruída, todos os membros da família são sequestrados, abusados e assassinados. Imagine os nossos irmãos ao redor do mundo que enfrentam diariamente o medo das armas e loucura de grupos dirigidos pelo príncipe das trevas… A mensagem de vingança do nosso texto faz muito mais sentido para os cristãos que enfrentam perseguição. E há muitos nessa situação neste exato momento. “Acaso não odeio os que te odeiam, Senhor? E não detesto os que se revoltam contra ti? Tenho por eles ódio implacável! Considero-os inimigos meus! Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139.21-24)

 

Jesus voltará. Ele trará libertação para os oprimidos. Ele fará justiça. “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” (Marcos 1:15).

 

8 Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. 9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. 10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. 11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, 12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. 13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. (2 Pedro 3:8–13).
Criado por
João Paulo Thomaz de Aquino
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