Não há muita discussão quando se afirma que a carta de Paulo aos Romanos é o escrito mais “teológico” do apóstolo. Embora a carta tenha uma ocasião e um contexto histórico específicos, a exposição que Paulo faz de grandes tópicos teológicos como evangelho, pecado, justificação, Espírito Santo e Israel é extremamente profunda e tem gerado milhões de páginas de debate ao longo dos séculos. Quero chamar a atenção, no entanto, para Romanos 11.33-36 como a declaração paulina sobre o limite de toda a teologia.
O texto em uma estrutura bem simples:
33 Ó profundidade
….. da riqueza
….. e da sabedoria
….. e do conhecimento de Deus!
Quão inescrutáveis os juízos dele
e incompreensíveis os caminhos dele!
….. 34 pois quem conheceu a mente do Senhor?
….. Ou quem conselheiro dele se tornou?
….. 35 Ou quem deu antes a ele [alguma coisa]
….. e será pago de volta por ele?
………. 36 Porque
…………… dele
…………… por meio dele
…………… e para ele são todas as coisas
……………….. A ele a glória para sempre. Amém!
Os capítulos 9—11 de Romanos estão entre os textos mais difíceis da Bíblia. Paulo está abordando a história da salvação e mostrando como Israel e Igreja se relacionam nos planos eternos de Deus, presente e futuro. A livre soberania de Deus também brilha forte nesses capítulos. Assim, após visitar e descrever os píncaros da teologia, o apóstolo apresenta esse último parágrafo como sua declaração sobre os limites da mente humana para compreender os arcanos de Deus.
O texto paulino é uma poesia que compreende proposições, mas faz mais do que isso ao tocar também nosso senso estético. A primeira proposição do texto afirma que existe uma grande profundidade na riqueza, na sabedoria e no conhecimento de Deus. Pelo contexto, sabemos que esses conceitos estão ligados aos planos soberanos eternos de Deus e seu revelar na história da redenção. A partícula grega “ó” ( Ὦ) que introduz o texto acrescenta um senso de assombro à proposição. Tal profundidade é tamanha que o ser humano não consegue sequer ter noção de quão profundos são a riqueza, a sabedoria e o conhecimento de Deus.
Paulo confirma tanto a proposição quando o senso de assombro ao afirmar em paralelismo que os juízos de Deus são inescrutáveis e os caminhos dele são incompreensíveis. Note que essas afirmações vêm logo após uma grande quantia de revelação! Mesmo após revelar tanto, ainda assim o que impressiona o apóstolo é a limitação humana para compreender os, em última instância, profundos, inescrutáveis e incognoscíveis planos de Deus na história!
Nos versículos seguintes, 34 e 35, Paulo empresta parte do texto de Isaías 40 e de Jó 41, dois dos textos do Antigo Testamento que mais enfatizam a grandeza soberana e o poder de Deus como sendo incomparavelmente maiores em relação aos seres humanos. Em Isaías 40 os continentes não passam de grãos de areia (Is 40.15) e todas as nações são menos do que nada (Is 40.17). A teologia de Israel é parcial e a teologia das nações, errada. Em Jó 41 Deus conclui sua fala sobre sua liberdade e grandeza, o que coloca Jó em uma posição de humildade e submissão aos planos soberanos do Deus que fez todas as coisas e as governa com sabedoria. Tanto a teologia de Jó quanto a de seus amigos estavam incompletas.
Ao emprestar as perguntas retóricas das poesias de Isaías 40.13 e Jó 41.11, Paulo fala sobre a impenetrabilidade, a liberdade, a independência e a originalidade dos pensamentos de Deus, mas, novamente, o apóstolo o faz de tal forma que o nosso senso estético junto com a razão nos levam a um ponto de humilhação e assombro diante da glória ou, para alguns, um senso de rebeldia contra um Ser tão poderoso e livre.
A conclusão paulina no versículo 36 mostra que ele escolheu o primeiro caminho. Ele afirma que tendo a sua origem em Deus (dele) e tendo sua existência em Deus (por meio dele), todas as pessoas e coisas devem homenagear, glorificar e cumprir voluntariamente os propósitos de Deus (para ele). Assim, por tudo o que as palavras anteriores do apóstolo significaram e em reconhecimento da limitação da razão humana diante dos planos do Senhor, Paulo conclama todos a glorificarem a Deus para sempre!
Portanto, por mais que estudemos com rigor metodológico. Por mais habilidade natural que tenhamos para compreeender sistemas e coisas. Por melhor e mais variada que seja a nossa formação acadêmica. Ainda que sejamos competentíssimo autodidatas. Por mais precisão que alcancemos em nossos pensamentos, sistemas, escrita e capacidade de expor. Até mesmo por mais encharcados que nos tornarmos do todo da revelação divina. Ainda assim teremos que assumir humilhados a nossa ignorância e pequenez diante da grandeza e profundidade da revelação de Deus e do Deus que se revelou e nos prostrar em adoração diante do Senhor dos Senhores.
A Ele a glória para sempre. Amém!
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Estrutura do Texto Grego
33 Ὦ βάθος
….. πλούτου
….. καὶ σοφίας
….. καὶ γνώσεως θεοῦ•
ὡς ἀνεξεραύνητα τὰ κρίματα αὐτοῦ
καὶ ἀνεξιχνίαστοι αἱ ὁδοὶ αὐτοῦ.
….. 34 Τίς γὰρ ἔγνω νοῦν κυρίου;
….. ἢ τίς σύμβουλος αὐτοῦ ἐγένετο;
….. 35 ἢ τίς προέδωκεν αὐτῷ,
….. καὶ ἀνταποδοθήσεται αὐτῷ;
………. 36 ὅτι
…………… ἐξ αὐτοῦ
…………… καὶ διʼ αὐτοῦ
…………… καὶ εἰς αὐτὸν τὰ πάντα•
……………….. αὐτῷ ἡ δόξα εἰς τοὺς αἰῶνας, ἀμήν.
Muito bom esse sucinto comentário.
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O Limite de Toda Teologia (Romanos 11.33-36)
Aprendi muito com esse comentário!! Obrigado!