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Lições da vida do Rei Josafá

As histórias do reis de Israel tem muito a nos ensinar. Elas nos ensinam com exemplos positivos e negativos, ensinam sobre a soberania e o cuidado de Deus para com o seu povo e deixam um anseio pelo rei perfeito. É assim com a história do rei Josafá. Ele me lembra o versículo bíblico de Mateus 10.16: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”. Josafá era símplice como uma pomba, mas estava longe de ser prudente como uma serpente.

A história do rei Josafá está registrada em 2 Crônicas 17—21.1, 1 Reis 22 e 2 Reis 3. Dividirei a vida dele em cinco momento, extraindo algumas lições práticas para nós. Josafá foi filho de Asa, um rei que foi temente ao Senhor durante a sua vida, mas que no final se rebelou e foi punido por Deus.

 

Fase 1: Um homem fiel e profundamente abençoado por Deus

O Senhor foi com Josafá, porque andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não procurou a baalins. Antes, procurou ao Deus de seu pai e andou nos seus mandamentos e não segundo as obras de Israel. O Senhor confirmou o reino nas suas mãos, e todo o Judá deu presentes a Josafá, o qual teve riquezas e glória em abundância. Tornou-se-lhe ousado o coração em seguir os caminhos do Senhor, e ainda tirou os altos e os postes-ídolos de Judá. (2 Crônicas 17.3-6)

 

  • Josafá andou nos caminhos de Davi, buscou a Deus e guardou os mandamentos.
  • Deus o abençoou por causa disso, fortalecendo o reino e abençoando a casa do rei.
  • O versículo 6 é muito especial, ao dizer que Josafá se tornou ousado em seguir os caminhos do Senhor. Ele fez o que poucos reis antes dele tiveram coragem de fazer, arrancou os ídolos que ficavam nas partes altas da cidade.

 

Fase 2: “Bom” ao ponto de ser tolo

 

Um dos conselhos que recebi no seminário foi para não ser bobinho. Bobinho é aquele recém-formado que acha que pode resolver todos os problemas de uma igreja local e de uma denominação com suas ideias e esforço. É aquele que acredita em tudo e todos e, afinal, “mete a mãos pelos pés” ou é usado por pessoas mais maquiavélicas.

Josafá era bobinho. Ele tinha o sonho de ver a nação de Judá e as tribos de Israel novamente unidas como um só povo. Ele tinha o desejo de ver Deus reinando novamente sobre todo o seu povo, mas esse sonho o levou a tentar fazer isso com as suas próprias forças e jeitinho. É assim, que no começo do capítulo 18 lemos que: “Tinha Josafá riquezas e glória em abundância; e aparentou-se com Acabe”.

Veja, Acabe, foi um dos reis mais idólatras de Israel. A esposa de Acabe, Jezabel, é provavelmente a mulher mais ímpia apresentada na Bíblia. Ainda assim, Acabe deu a seu filha em casamento para o filho desse casal terrível! É claro que em pouco tempo, Acabe começou a se aproveitar de Josafá e chamou-o para irem juntos à guerra contra o rei da Síria. Qual foi a resposta do imprudente Josafá? “Serei como tu és, o meu povo, como o teu povo; iremos, contigo, à peleja” (2Cr 18.3).

Josafá, apesar de ingênuo, era um homem de Deus, e ele pediu para que consultassem ao Senhor antes de irem para a guerra. Acabe chamou 400 profetas falsos (1 Reis 18.19) e todos eles apoiaram a ideia de irem à guerra. Josafá percebeu que eles não eram profetas do Senhor e pediu por um profeta verdadeiro. A resposta de Acabe foi: “Há um ainda, por quem podemos consultar o Senhor; porém eu o aborreço, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau. Este é Micaías, filho de Inlá. Disse Josafá: Não fale o rei assim. Então, o rei de Israel chamou um oficial e disse: Traze-me depressa a Micaías, filho de Inlá.” (2Cr 18.7-8).

Acabe havia apresentado profetas falsos, o único profeta de Yahweh que tinha ali ele fala que odiava. Ainda assim, o máximo que Josafá fez foi dizer “Não fale o rei assim”. O profeta do Senhor, Micaías, depois de fazer chacota do rei de Israel, contou que tivera uma visão (parecida com Isaías 6) e que Deus estava enganando Acabe para que ele fosse a guerra e perdesse (2Cr 18.22). Acabe mandou prender o profeta Micaías e trata-lo a pão e água até que ele voltasse vencedor.

Josafá viu tudo isso e ainda assim decidiu ir para a guerra. O sonho de salvar Israel era tão grande que ele está totalmente fora dos caminhos do Senhor. Assim, eles foram a guerra. Antes, no entanto, Acabe tem a seguinte ideia: “Eu me disfarçarei e entrarei na peleja; tu, porém, traja as tuas vestes. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entraram na peleja” (2Cr 18.29). Quanta cegueira!! Acabe está usando o rei Josafá como isca, e ele não percebe. O texto deixa isso claro quando explica no verso seguinte: “Ora, o rei da Síria dera ordem aos capitães dos seus carros, dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno nem contra grande, mas somente contra o rei de Israel”.

Leia o resultado que Deus trouxe a essa história:

Vendo os capitães dos carros a Josafá, disseram: Este é o rei de Israel. Portanto, a ele se dirigiram para o atacar. Josafá, porém, gritou, e o Senhor o socorreu; Deus os desviou dele. Vendo os capitães dos carros que não era o rei de Israel, deixaram de o perseguir. Então, um homem entesou o arco e, atirando ao acaso, feriu o rei de Israel por entre as juntas da sua armadura; então, disse este ao seu cocheiro: Vira e leva-me para fora do combate, porque estou gravemente ferido. A peleja tornou-se renhida naquele dia; quanto ao rei, segurou-se a si mesmo de pé no carro defronte dos siros, até à tarde, mas, ao pôr do sol, morreu (2Cr 18.31-34).

 

  • Josafá amava o Senhor.
  • Josafá tinha boas intenções e boas motivações.
  • Ele queria ver a união do povo de Deus.
  • Ainda assim, ele quis fazer o que ele pensava ser a vontade de Deus do seu próprio jeito e com as suas próprias forças…
  • Embora ele tenha sido tão ingênuo (bobinho), Deus preservou a vida dele, pois em geral ele era um homem fiel a Deus.

 

Não é bom ser como Josafá em sua ingenuidade, mas é melhor ser Josafá do que ser Acabe.

 

Fase 3: Josafá se arrepende do seu pecado.

 

Quando o rei Josafá, depois de ter sido salvo milagrosamente por Deus, voltou para Judá, o profeta Jeú veio falar com ele: “Devias tu ajudar ao perverso e amar aqueles que aborrecem o Senhor? Por isso, caiu sobre ti a ira da parte do Senhor. Boas coisas, contudo, se acharam em ti; porque tiraste os postes-ídolos da terra e dispuseste o coração para buscares a Deus” (2Cr 19.2-3). O Rei Josafá se arrependeu e empreendeu uma das maiores reformas espirituais que aconteceu na história de Judá (leia o resto de 2Cr 19).

 

Fase 4: Josafá confia no Senhor e Deus lhe dá vitória

 

Tudo estava caminhando bem em Judá, quando os moabitas, os aminitas e os meunitas declararam guerra contra o povo de Deus. O exército deles era muito superior ao de Judáem armamento e efetivo. Era uma guerra perdida. O que Josafá fez? Ele conclamou o povo a jejum e oração e ele mesmo buscou intensamente ao Senhor:

Então, Josafá teve medo e se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum em todo o Judá. Judá se congregou para pedir socorro ao Senhor; também de todas as cidades de Judá veio gente para buscar ao Senhor. Pôs-se Josafá em pé, na congregação de Judá e de Jerusalém, na Casa do Senhor, diante do pátio novo, e disse: Ah! Senhor, Deus de nossos pais, porventura, não és tu Deus nos céus? Não és tu que dominas sobre todos os reinos dos povos? Na tua mão, está a força e o poder, e não há quem te possa resistir. (2Cr 20.3-7)

As últimas palavras da oração de Josafá são memoráveis: “Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti”. A resposta lembra algumas situações do Novo Testamento:

Então, veio o Espírito do Senhor no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de Asafe, e disse: Dai ouvidos, todo o Judá e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafá, ao que vos diz o Senhor. Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus. Amanhã, descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz; encontrá-los-eis no fim do vale, defronte do deserto de Jeruel. Neste encontro, não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o Senhor vos dará, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o Senhor é convosco (2Cr 20.14-17)

Foi exatamente isso o que aconteceu. Com fé, Josafá e Judá foram para o campo de batalha. Quando chegaram lá, o povo inimigo havia sido morto pelo Senhor e havia atacado um ao outro. Ninguém estava vivo. O povo de Judá ficou três dias carregando os despojos de guerra que Deus lhes havia dado. No quarto dia prestaram um grande culto ao Senhor. Nós servimos a esse mesmo Deus! Quando não sabemos o que fazer, devemos colocar os nossos olhos nele e aguardar. A resposta poderá ser: “a batalha não é de vocês, mas de Deus”.

 

Fase 5: Aquele que está de pé, veja que não caia…

 

Dá para acreditar, que depois de toda essa experiência maravilhosa com Deus, Josafá voltou a fazer uma aliança com um rei de Israel? Pois é, foi isso o que aconteceu…

Depois disto, Josafá, rei de Judá, se aliou com Acazias, rei de Israel, que procedeu iniquamente. Aliou-se com ele, para fazerem navios que fossem a Társis; e fizeram os navios em Eziom-Geber. Porém Eliézer, filho de Dodavá, de Maressa, profetizou contra Josafá, dizendo: Porquanto te aliaste com Acazias, o Senhor destruiu as tuas obras. E os navios se quebraram e não puderam ir a Társis. (2Cr 20.35-37)

Algum tempo depois desse evento, Josafá morreu e foi enterrado no túmulo dos reis de Judá, o que era uma honra que nem todos os reis de Judá conseguiam.

 

Aplicação e Conclusão

 

O que isso tudo tem a ver conosco, hoje? Talvez você seja parecido com Josafá, tem uma tendência de não ver maldade nas pessoas, quer agradar a todos e é muito sonhador. Talvez você é o contrário. Lembre-se, temos que aprender com a prontidão de Josafá para buscar o Senhor e evitar sermos como Josafá em sua ingenuidade relacional. Seguem algumas lições:

 

  1. A nossa fidelidade é sempre recompensada. Deus abençoou Josafá, sua família e toda a nação de Judá. Ele procurou a Deus e o seu coração foi devotado ao Senhor e Deus foi com ele.
  2. Nós não podemos ser tão sonhadores ao ponto de sermos ingênuos. Não podemos amar aqueles que são inimigos de Deus, mais do que amamos o próprio Deus.
  3. Se somos fiéis a Deus, mesmo em momentos de erros podemos clamar a ele e ele poderá nos salvar.
  4. Somos chamados para empreender reformas, trazendo pessoas para perto de Deus.
  5. Somos chamados para confiar em Deus mesmo quando as adversidades forem maiores do que nossas forças: “não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti”. Poderemos ter o privilégio de ouvir e ver que “a peleja não é vossa, mas de Deus”.
  6. Josafá era um pecador, mas Deus foi maior do que os pecados dele. Nós somos pecadores, Deus é maior do que os nossos pecados. Ele é o Deus paciente, restaurador, amoroso que nos dá novas oportunidades, assim como deu a Josafá. Em Cristo Jesus, ele nos dá a bênção do perdão e da restauração para começarmos de novo.
  7. Josafá não foi um rei perfeito. Nós ansiamos pelo rei sem falhas de caráter. Ele já veio. Ele voltará.

Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”. Mateus 10.16. “Sem inocência, a prudência se torna manipulativa; sem prudência, a inocência se torna ingenuidade”. (N. T. Wright, Mathew for Everyone)

 

 

Criado por
João Paulo Thomaz de Aquino
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8 comentários
  • Amei este estudo, foi muito bem apresentado, glória a Deus!

  • maravilhoso esse estudo, que Deus continue lhe abençoando.

    • Louvado seja Deus !Muito bom esse estudo e fácil de entender .Obrigada por compartilhar um pouco esse ensinamento 🙏🏾Conosco.Deus continue usando sua vida.

  • Parabéns, muito bom o estudo, é exatamente assim que acontece quando há aqueles que por sua ingenuidade não conseguem enxergar maldade nas pessoas, e se dispõem para ajudar. O interessante na vida do rei Josafá era a sua sinceridade que Deus observara.

Criado por João Paulo Thomaz de Aquino