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Vida Eterna em Cristo – Parte 4

24/02/2015 by Ricardo Meneghelli

Continuação da parte-3

4) Cristo jesus, Nosso Senhor

Rm 6:23 Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Mesmo merecendo a morte, recebemos a vida eterna em Jesus Cristo, pela graça de Deus, por que ele é o nosso Senhor! Essa última palavra é muito importante nesse versículo, pois ela estabelece qual a natureza de nossa relação com Jesus: Sendo ele “nosso Senhor”, resta-nos, necessariamente, a posição de “seus servos”. No contexto do novo testamento, as palavras senhor e servo tem os seguintes significados: Senhor (em grego κύριος/kyrios) : Aquele a quem uma pessoa ou coisas pertence, sobre o qual ele tem o poder de decisão; mestre, senhor

  • o que possui e dispõe de algo
  • proprietário; alguém que tem o controle da pessoa, o mestre
  • no estado: o soberano, príncipe, chefe, o imperador romano
  • é um título de honra, que expressa respeito e reverência e com o qual servos tratavam seus senhores
  • título dado: a Deus, ao Messias

(Léxico de Strong) Usando o Estudo de Palavras do Software Logos encontramos que esse termo aparece 714 vezes no N.T., sendo que pelo menos 640 dessa ocorrência se referem a Jesus (segundo o que o NAS Greek dictionary). è de longe o termo mais usado com referencia a Cristo, enqanto a palavra salvador (σωτήρ/soter), ocorre 24x, sendo 14 delas associadas a Cristo (segundo o Manual Greek Lexicon of the New Testament de Abbott-Smith) Servo , por sua vez, traduz frequentemente as palavras gregas διακονος/diakonos ou δουλος/doulos:

  • Diakonos (ocorre 29 vezes): alguém que executa os pedidos de outro, servo de um rei.
  • Doulos (126x): escravo, servo, homem de condição servil; alguém que se rende à vontade de outro.

(Léxico de Strong) Desse modo, dizer que Jesus é nosso Senhor, significa dizer que ele é o dono, chefe e tem o governo sobre as nossas vidas. Por outro lado, dizer que nós somos seus servos, significa que devemos-lhe obediência, honra, respeito, fazendo sempre a sua vontade. Essa é a verdadeira natureza de nosso relacionamento com Jesus:

  • Ele é o Senhor e nós somos os servos.
  • Ele é o Dono e nós somos sua propriedade
  • Ele é o Cabeça e nós somos seu corpo.
  • Ele é o Rei e nós vivemos sob o seu governo.

Cl 1:9-12 Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá- lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria, dando graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos no reino da luz.

Nossas vidas devem ser inteiramente consagradas ao Senhor e nosso procedimento deve refletir a glória do nosso Rei. Nossas palavras, nossos pensamentos, nossos atos, em todos os detalhes devem ser condizentes com a vontade daquele que governa nossas vidas. Na verdades estas coisas denunciam quem é que está no governo de nossas vidas: Jesus, eu, ou mesmo o Diabo.

A boa nova é que mão estamos mais sob o domínio das trevas para vivermos levianamente, muito menos em delitos e pecados. Veja o que Paulo afirma na sequência:

Cl 1:13-14 Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.

A palavra redenção em grego é απολυτρωσις/apolutrosis, que significa libertar pagando o preço de um resgate. Todos nós vivíamos nas trevas e o nosso mau procedimento nos afastava de Deus. Eramos escravos de Satanás e do pecado, mas Jesus pagou o preço pelo nosso resgate e tornou-se nosso dono. ele é nosso Senhor por direito. Ou somos dele e vivemos para ele, ou ainda permanecemos em trevas.

Cl 1:21-23 Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá- los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.

Essa é uma reflexão que todos devemos fazer: nosso procedimento tem agradado o Senhor?

Nossas vidas refletem a santidade e a glória do nosso Senhor? é ele quem nos governa?

“Selah”

 

Recursos Logos utilizados:

Estudo de Palavras

Strong, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.

Thomas, R. L. (1998). New American Standard Hebrew-Aramaic and Greek dictionaries

Abbott-Smith, G. (1922). A Manual Greek Lexicon of the New Testament. New York: Charles Scribner’s Sons.

 

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Vida Eterna em Cristo – Parte 3

10/02/2015 by Ricardo Meneghelli

Continuação da parte-2

3) Vida eterna em Crtisto

Rm 6:23 Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Continuando nosso estudo sobre o versículo acima, podemos notar que existem nele dois verbos “ser”: “o salário do pecado é…” e “o dom gratuito de Deus é…”. Existe também a conjunção “mas” que contrapõe a ação dos dois verbos. A ação do primeiro verbo é “a morte” e a ação do segundo verbo é “a vida eterna”. Quem pagar com a morte é o pecado, mas que dá gratuitamente a vida é Deus. Assim, a oferta da graça de Deus que se contrapõe ao pagamento do pecado é a vida eterna. Essa expressão é o centro do versículo e o foco para onde deve se dirigir toda a nossa atenção:

Em oposição à morte produzida pelo pecado, Deus oferece gratuitamente em seu filho Jesus, a vida eterna.

A vida eterna é a verdadeira oferta do evangelho. É isso que Deus oferece a toda humanidade. Esse é o resultado final da obra de Cristo e o objetivo para o qual ele salva os pecadores dos seus pecados. Sua obra de redenção resolveu todos os problemas causados pelo pecado com o objetivo de conceder vida aos homens, regenerando-os para viverem conforme a vontade de Deus. Quando estava na cruz, ele atraiu todo pecado do mundo sobe si e, com sua morte, aniquilou o poder do pecado, nos libertando do seu domínio. Ao ressuscitar, porém, ele espalhou vida a todos os homens, como uma grande explosão que continua a reverberar de geração em geração sem perder força. Toda sua obra de redenção tinha o objetivo de conceder vida aos homens. Foi a vida que a humanidade perdeu no Éden e foi exatamente isso que Cristo veio devolver para que o homem pudesse continuar no caminho proposto por Deus. Ele veio para nos dar vida!

Jo 10:10b eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.

Sabendo que essa era a missão de Jesus e a proposta do central do evangelho, precisamos entender corretamente o que é a vida eterna, pois é muito comum encontramos um entendimento equivocado a esse respeito. Se fizermos uma rápida pesquisa entre os irmãos, encontraremos respostas muito parecidas com as seguintes:

  • É viver após a morte.
  • É viver para sempre.
  • É viver na eternidade.
  • É o período depois da ressurreição
  • É ir para a glória após a morte.
  • É o tempo que viveremos na cidade celestial.

Embora todos esses conceitos estejam associados à vida eterna, precisamos dizer que ela não é nenhuma dessas coisas! O erro mais comum é pensar que vida eterna é viver para sempre, mas mesmo os ímpios viverão para sempre. Em tormento eterno por sinal, chorando e rangendo os dentes no lago de fogo, mas continuarão a viver após a morte. É muito importante entendermos que:

⇒A vida eterna não é um período de tempo!

O texto de Rm 6:23 que estamos estudando nesse livro diz que o dom gratuito de Deus é o que? Vida eterna? Não. É “a” vida eterna. Existe um artigo definido que especifica que tipo de vida nos foi concedida. Não simplesmente “vida eterna”, mas “a vida eterna”. É uma vida especifica que nos foi dada, não a nossa própria vida que passou a ter duração eterna.

Jo 1:1-4 No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens.

O apóstolo João nos diz que essa vida estava em Cristo: “nele estava a vida”. A vida que nos foi dada é a vida que estava com Deus desde a eternidade, o princípio e a fonte da vida, a luz dos homens. No texto grego a palavra usada é “zoe/zoe”, que significa a vida em sua essência, o princípio de vida, a fonte da existência, a vida ativa e dinâmica, ato de estar vivo. “Zoe” é um estado de vitalidade e não um período de vida (em grego bio/bio), ou um estilo de vida (em grego biosis/biosis). Essa vida é eterna por que estava em Cristo desde a eternidade. Não tem início e não tem fim, sempre esteve com ele. É a vida divina, como ele a tem em si mesmo.

1Jo 1:1-3 O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada. Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.

A vida eterna que está em Cristo é a mesma vida que era concedida por ele através da Árvore da Vida, da qual a humanidade foi afastada por causa do pecado. Essa vida irrompeu novamente na história humana quando “o Verbo se fez homem e habitou entre nós”. A vida se manifestou pode ser vista e ouvida por aqueles que criam e seguiam a Jesus de Nazaré. Ele mesmo disse: “eu sou o pão que desceu do céu e dá vida ao mundo”, “eu sou a ressurreição e a vida”, “eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”. Por meio de sua obra na cruz, Jesus dissipou as trevas, triunfou sobre o poder da morte e espalhou a vida a todos os homens ao ressuscitar. Essa vida vivifica, ilumina e regenera todos os que creem em seu nome, tornando-os filhos de Deus.

Jo 1:12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus

A vida de Cristo fluiu para o mundo por meio de sua ressurreição e atinge homens e mulheres produzindo o novo nascimento, regenerando-os para uma nova vida. Essa é a grande oferta do evangelho e não há outra. Se oferecermos algo diferente, por mais nobre que seja, estamos oferecendo algo que Deus não oferece.

Essa questão é de suprema importância, pois é o que oferecemos às pessoas que as motiva a ir a Cristo. Se oferecermos algo diferente de “vida eterna”, estamos dando a elas uma motivação errada para segui-lo. As pessoas devem ir a Cristo para ter vida, e a vida como princípio e não apenas estilo de vida ou uma vida melhor.

Com frequência as pessoas são atraídas a Jesus pela proposta de uma vida melhor. Isso ocorre porque as pessoas têm problemas e esses problemas as afligem. Elas querem resolver seus problemas e ter uma vida melhor. Tais problemas podem associados ao relacionamento familiar, onde encontramos casos de infidelidade, falta de respeito, agressões, indiferenças, maus tratos, inversões de funções, sentimentos feridos, desobediências. Podem também estar relacionados à área profissional ou financeira como dívidas, desordens no orçamento, desempregos, falências, falta de orientação profissional, e outros. Ainda podem ser problemas de saúde, dependência de drogas, depressões, fome, etc. Todas essas coisas causam tormento e aflição, de forma que as pessoas querem se livrar deles. Muitas estão dispostas a deixar tudo para seguir a Jesus pleiteando uma vida melhor. Sua esperança é que, seguindo a Jesus, ele intervenha com seus poderes sobrenaturais e resolva todos esses problemas.

Certamente o nosso Senhor é bom e pode atuar em cada uma dessas coisas, mas precisamos dizer enfaticamente que a proposta do evangelho não é atuar sobre os problemas para dar uma vida melhor. Se a principal motivação de uma pessoa que vai a Jesus, for resolver seus problemas para que tenha uma vida melhor, ela está com uma motivação errada, precisa se arrepender e buscar em primeiro lugar a vida que há em Cristo.

Olhando para as Escrituras, não vemos que seja essa a proposta do evangelho. Na história bíblica, muitos irmãos perderam tudo e passaram a ser perseguidos pelas autoridades e por familiares quando se entregaram a Cristo. Ainda hoje, em países onde existem restrições ao evangelho, as pessoas são expulsas de suas famílias, perdem tudo e até são espancadas quando confessam seguir a Jesus. Que dizer desses casos, se a proposta do evangelho for uma vida melhor, família restaurada e vida financeira em ordem?

Embora muitas mudanças aconteçam em nosso comportamento quando nos convertemos a Cristo, elas não devem ser a principal motivação de sua fé. Devemos ir a ele para ter vida. Vida eterna!

Continua na parte-4

Recursos Logos utilizados:

Lexham High Definition New Testament

Steven Runge, Copyright 2008 Logos Research Systems, Inc.

Léxico de Strong

Strong, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.

New Bible dictionary

Dunn, J. D. G. (1996). Repentance. In D. R. W. Wood, I. H. Marshall, A. R. Millard, J. I. Packer, & D. J. Wiseman (Orgs.), New Bible dictionary (3rd ed.). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.

 

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Vida Eterna em Cristo – Parte 2

02/02/2015 by Ricardo Meneghelli

Continuação da parte -1

Rm 6:23 Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Foi então que Satanás, na figura da serpente, entrou em cena e enganou o homem e a mulher. Ele despertou neles o desejo de serem autônomos e independentes como Deus, oferecendo a possibilidade de vida apesar da transgressão: “certamente não morreis”.

Gn 3:6 Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.

Mesmo podendo comer livremente de qualquer alvore do Jardim, incluindo a Árvore da Vida, o homem e a mulher cederam à tentação de Satanás e comeram exatamente da única árvore que lhes era proibida. Ao comer o fruto eles consumaram o pecado como transgressão ao mandamento e tal como Deus havia estabelecido, o pagamento pelo pecado foi a morte.

Rm 5:13 Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram;

Por causa do pecado de um único homem, Adão, a morte entrou no mundo e, à medida que o pecado se espalhou, a morte também passou a todos os homens, pois ela é o pagamento pelo pecado que cada ser humano comete. (o que “um” fez afetou a “muitos”).

O prejuízo causado pelo pecado foi enorme. A natureza humana foi corrompida, o pecado entrou em seus corações, o caminho dos seus pensamentos tornou-se constantemente mau e voltou-se para as coisas terrenas e materiais. Mas fundamentalmente, o que se perdeu no Éden foi a vida eterna. A humanidade ficou afastada da fonte da vida.

Gn 3:22 Então disse o Senhor Deus: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre”. Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado. Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.

Assim vemos como a transgressão afastou temporariamente a graça por causa do pecado que corrompeu a natureza humana. A morte entrou no mundo como o merecido pagamento pela transgressão até que viesse Jesus Cristo, que recebeu sobre si o pagamento pelos pecados de toda humanidade, abrindo o caminho para a graça e, por meio dela, a vida eterna.

Rm 5:15 Entretanto, não há comparação entre a dádiva (charisma) e a transgressão. Pois se muitos morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça (charis) de Deus, isto é, a dádiva (charisma) pela graça (charis) de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para muitos!

Tal como no princípio, a vida eterna veio como dom gratuito, por meio da graça de um só homem, Jesus Cristo. Por causa do que Cristo fez, a graça veio ao mundo e espalhou a vida a todos os que creem. A vida eterna passou a ser o presente dado a quem tem fé em Jesus. O que Adão fez, trouxe a morte como pagamento, mas o que Cristo fez trouxe a vida eterna como dom gratuito. (o que “um” fez afetou a “muitos”).

Rm 5:8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

A graça é manifestação da bondade e do amor de Deus. Ela confunde a mente humana que está acostumada a usar a lógica do conhecimento do bem e do mal para definir o mérito. Se alguém é bom merece receber o bem, mas se é mau, merece receber o mal. A graça de Deus, no entanto, confunde esse conceito, pois quando merecíamos morte ele nos deu vida, fazendo a morte merecida por nós cair sobre seu filho. Ele não merecia morrer, mas morreu. Nós não merecíamos a vida eterna, mas a recebemos gratuitamente por causa dele. A expressão “sendo nós ainda pecadores” significa que foi por pura graça que fomos salvos e que não havia nada de bom em nós que pudesse atrair o seu favor. “Sendo nós ainda pecadores” significa que a única coisa que merecíamos era a morte. “Sendo nós ainda pecadores” significa que ainda vivíamos transgredindo suas leis e mandamentos. “Sendo nós ainda pecadores” significa que a vida eterna não veio por causa de algo que fizemos ou que precisássemos fazer, veio pelo que “Deus fez”. E o que ele fez provou seu amor para conosco.

Rm 8:3a Porque, aquilo que a Lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho,

O que a lei não fora capaz de fazer? A lei não fora capaz de produzir vida, pois o mandamento ficou enfraquecido pela incapacidade humana de agir conforme a vontade de Deus. E o que foi que Deus fez? Ele enviou seu filho como um ser humano para satisfazer todas as exigências da lei. Ele viveu em perfeita retidão, sempre de acordo com a vontade de Deus. Ele era o cordeiro perfeito que podia ser sacrificado para remissão dos pecados de todo o mundo e “Deus o fez”. Jesus, mesmo não tendo pecado algum, recebeu o pagamento da morte sendo crucificado em nosso lugar. Por isso, não devemos pensar que a vida eterna é “de graça”, ou que ela não tenha custado nada, pois o preço foi pago por Jesus.

Ef 1:7 Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus.

A obra perfeita foi realizada por Jesus. Tendo ele trabalhado e executado sua missão com perfeição, sofrendo a morte pela humanidade, recebeu também a recompensa pelo seu trabalho: o direito de conceder vida a todos os que cressem em seu nome. Assim, Deus pode salvar, pela sua abundante graça, todos aqueles que têm fé em Jesus, não pelos méritos deles, mas pelo mérito exclusivo de seu Filho.

Ef 2:8-9 Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.

A palavra “dom” nesse versículo é a tradução de δωρον/doron, que também significa “presente”. Assim, vemos que a salvação é um presente de Deus, concedido a todos as pessoas por causa de sua maravilhosa graça. Ela é oferecida a toda a humanidade como um generoso presente de Deus. Individualmente, porém, o que uma pessoa precisa para ter vida eterna é fé: crer em Jesus Cristo.

Jo 3:36 Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”.

A fé é a resposta que cada ser humano precisa dar diante da boa nova da vida oferecida pela graça. Cada indivíduo, ao receber o evangelho, precisa reagir a ele com um “Sim! Eu creio” e ser incluído em Cristo Jesus recebendo a vida eterna que está nele.

Tt 2:11-15 Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras. É isso que você deve ensinar, exortando-os e repreendendo-os com toda a autoridade. Ninguém o despreze.

Como vimos no capítulo anterior, o fato de sermos salvos pela graça não nos permite continuar pecado. A graça não é ausência de juízo sobre o pecado, mas a convocação a uma nova forma de obedecer motivada por amor a Deus. Longe de abrir caminho para o pecado, a manifestação da graça nos ensina a “a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa”. A graça se opõe ao mérito, mas não às boas obras, pois Deus quer, por meio dela, formar um povo “dedicado á prática de boas obras”.

Tt 3:3 Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes, vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos na maldade e na inveja, sendo detestáveis e odiando uns aos outros.

Como é possível que a partir de uma humanidade desobediente, escrava das paixões e prazeres, acostumada a viver na maldade possa surgiu um povo dedicado á pratica de boas obras? Isso sé é possível quando, pelo lavar regenerador do Espirito Santo, eles nascem de novo e se tornam novas pessoas. A morte e a ressurreição de Jesus, que perdoa e liberta os homens dos seus pecados, aconteceu ela graça. A vinda do Espírito para produzir nova vida também aconteceu (e ainda acontece) pela graça. Assim, da mesma maneira que o pecado potencializa a prática da transgressão, a graça potencializa a prática de boas obras gerando um povo voltado a praticar a vontade de Deus.

Tt 3:4-7 Mas quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador. Ele o fez a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida eterna.

A “manifestação da bondade e do amor” de Deus pelos homens, apesar de não terem praticado nenhum “ato de justiça” é a própria graça. Quando a ela se manifestou “ele nos salvou”. Ele derramou generosamente sobre nós o Espírito Santo e nos lavou e nos gerou novamente. Ele nos fez nascer novamente, nos fez nascer do Espírito, e assim, salvos pela graça, nós podemos ter vida eterna.

Tt 3:8 Fiel é esta palavra, e quero que você afirme categoricamente essas coisas, para que os que crêem em Deus se empenhem na prática de boas obras. Tais coisas são excelentes e úteis aos homens.

Logo, a graça veio pela fé, para que aqueles que creem em Deus se empenhem na prática das boas obras e vivam longe do pecado. É pela graça que vem o dom gratuito Deus: a vida eterna.

Continua na parte-3

Recursos Logos utilizados:

Guia Exegético
Recurso Logos para auxiliar a encontrar o real significado das palavras nas línguas originais.

Léxico de Strong
Strong, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.

New Bible dictionary
Dunn, J. D. G. (1996). Repentance. In D. R. W. Wood, I. H. Marshall, A. R. Millard, J. I. Packer, & D. J. Wiseman (Orgs.), New Bible dictionary (3rd ed.). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.

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Vida Eterna em Cristo – Parte 1

30/01/2015 by Ricardo Meneghelli

Rm 6:23 Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Esse pequeno versículo que conclui o capítulo 6 da carta de Paulo aos Romanos é um texto denso, concentrado e expressa a mensagem central do evangelho, a verdadeira proposta de Deus para a salvação da humanidade. Vamos observá-lo bem de perto e experimentar como um pequeno trecho da palavra de Deus pode conter uma mensagem poderosa.

1) O Salário do Pecado

Vamos iniciar nosso estudo abordando o primeiro seguimento desse versículo, que fala sobre o pecado, ou melhor, sobre o “salário do pecado”.

O “salário” é um pagamento que uma pessoa recebe por um trabalho que realizou. Normalmente o valor é combinado com o patrão e após o trabalhador ter completado sua atividade ele recebe o merecido pagamento pelo que fez. Quando o texto diz “salário do pecado”, está se referindo ao pagamento que uma pessoa recebe por realizar o trabalho do pecado, ou seja, por servir ao pecado. É importante compreender que o pecado não é apenas um conceito, mas uma força ativa, inerente á natureza humana, que leva uma pessoa a pecar. O pecado é o principio originador do ato de pecar. Todos os seres humanos estão sob o poder do pecado e por isso todos são pecadores. Todos têm em seus corações esse princípio interior que quando se expressa sempre leva a pessoa a praticar algo contra a vontade de Deus.

As leis e os mandamentos de Deus expressam a sua vontade para as diversas áreas da vida. Quando alguém pratica uma ação que quebra um mandamento, ele está agindo contra a vontade de Deus associada a esse mandamento e está cometendo uma transgressão.  Ou seja, o ato de pecar é uma transgressão à vontade de Deus. Tudo que uma pessoa faz que não esteja de acordo com a vontade de Deus é uma transgressão produzida pelo pecado interior e precisa receber o devido pagamento. O merecido pagamento, ou salário, que todos os pecadores recebem pelos seus pecados ou transgressões é a morte.

Inicialmente, a morte entrou no mundo por causa do pecado de Adão, o primeiro ser humano, pois “por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte”. À medida que os seres humanos se multiplicaram “a morte passou a todos os homens, pois todos pecaram” (Rm 5:12).

De maneira geral, a morte pode ser física ou espiritual. A morte física é o fenômeno natural que todos os seres humanos enfrentam com a extinção da vitalidade do corpo. Ela provoca a separação entre o corpo e o espírito humano, encerrando a presença física da pessoa nesse mundo. A morte espiritual é a morte do espirito humano, que separa a pessoa da verdadeira vida, a vida espiritual, e produz o eterno afastamento de Deus. Sendo Deus a fonte de tudo que é bom, o afastamento de sua presença implica em depravação, maldade, pranto, medo, aflição, sofrimento e outros males espirituais. A morte espiritual coloca pessoa em uma situação seríssima, pois se ela chegar à morte física nessa condição, ela ficará eternamente afastada de Deus, um estado conhecido como morte eterna. Por isso, a morte provocada pelo pecado é muito mais grave do que a morte física e traz consequências eternas terríveis para aquele que comete pecados.

2) O Dom Gratuito de Deus

Rm 6:23 Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

A morte é o pagamento pelo pecado. Se o que uma pessoa faz é pecado, o pagamento que ela recebe pelo que faz é a morte. Por outro lado, há um “dom gratuito”, e quem concede esse dom gratuito é o próprio Deus. O pecado paga seus servos com a morte. Deus, porém, dá – não como pagamento, mas como dadiva – a vida eterna.

No texto acima, a expressão “dom gratuito” é a tradução da palavra grega charisma, que significa “aquilo que vem pela charis”. De modo que, para entender “charisma”, precisamos entender o significado de “charis”. Essa palavra aparece 156 vezes no Novo Testamento e significa generosidade, livre concessão, favor; sendo normalmente traduzida como graça. Assim, “aquilo que vem pela graça”, ou “o charisma”, é algo que não requer mérito algum da pessoa que recebe, pois é dado pela generosidade de quem o concede livremente, um presente. Vemos também que a vida eterna é charisma de Deus, ou seja, ela é dada livremente pela charis de Deus, é fruto de sua bondade e generosidade, não requer mérito algum os seres humanos.

O dom gratuito (charisma) que vem pela graça (charis), se opõe ao salário que vem do pecado, que é o merecido pagamento pela transgressão. Se o salário é pago pelo mérito do pecador, o dom gratuito é dado sem mérito algum. Se o salário que vem do pecado é a morte, o dom gratuito que vem pela graça é a vida. Esse princípio foi estabelecido por Deus desde a origem da humanidade e continua em vigor ainda hoje.

Gn 1:27-28 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem- se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”.

Adão foi o primeiro ser humano a existir sobre a terra. Ele foi formado por Deus a partir do solo, dotado de espírito e possuía imagem e semelhança de Deus, sendo assim moralmente consciente e livre de qualquer maldade. Eva foi a primeira mulher a existir. Ela foi criada por Deus a partir do corpo de Adão e herdava todas suas qualidades, inclusive a imagem e semelhança de Deus. O homem e a mulher viviam num Jardim especialmente preparado na região do Éden e foram os geradores de toda a raça humana.

Gn 2:9 Então o Senhor Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento. E no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

No Éden eles tinham todo tipo suprimento físico e espiritual que precisavam. A vida estava representada ali pela Árvore da Vida, que era a fonte da vida espiritual concedida livremente por Deus. Recorrendo a essa fonte de vida, o homem viveria para sempre e poderia cumprir o propósito para o qual fora criado. Essa vida se espalharia entre eles e seus descendentes e lhes permitiria encher a terra de uma multidão de pessoas moralmente semelhantes ao Criador.

Gn 2:16-17 E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”.

Havia um mandamento, porém, que não deveria ser quebrado: “não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Violar essa ordem direta de Deus resultaria em morte. O “bem” e o “mal”, em sua essência, já existiam antes da criação do homem. A árvore, porém, oferecia o fruto, ou o resultado, de se conhecer o bem e o mal, de forma que o mandamento visava preservar o homem, impedindo que ele conhecesse o mal e se corrompesse.

Assim, o princípio estava estabelecido: A vida era oferecida gratuitamente pela bondade e generosidade de Deus, não havendo nada que o homem precisasse fazer, nenhuma exigência moral e nenhum mandamento a obedecer para desfrutar dela, de forma que podemos ver o dom gratuito (charisma) de Deus, presente desde a criação. A ordem que havia regulava o acesso à Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e a consequência por violar esse mandamento seria a morte, pois o homem inocente seria infectado pelo conhecimento do mal, atraindo sobre si a ira de Deus.

Continua na parte – 2

Recursos Logos utilizados:

Léxico de Strong

Strong, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.

New Bible dictionary

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