Qual é a utilidade do Antigo Testamento para os cristãos que vivem debaixo da nova aliança? Poderíamos começar dizendo que só sabemos da “nova” aliança porque o o Antigo Testamento a profetiza e descreve (Jeremias 31), inclusive falando de como seríamos cheios do Espírito (Joel 2). Também poderíamos falar que é o Antigo Testamento que fala sobre a pessoa e obra do Messias (Salmo 2, 110; Isaías 9, 11, 53) e todo o sistema sacrificial que preparou o caminho para o sacrifício substitutivo de Jesus (Levítico). Aprendemos no AT sobre a criação do mundo e do povo escolhido por Deus (Gênesis), de como o povo de Deus foi redimido no AT (Êxodo). Vários eventos da história do AT (Gn 3.15; Melquisedeque; Gn 50; Êxodo; Moisés-Josué, Rei Davi; Elias-Eliseu; etc.) bem como diversas instituições (lei moral, cerimonial e civil; templo; profetas, sacerdotes e reis; reino de Deus) são fundamentais para entender a identidade de Jesus e da Igreja como o novo Israel de Deus. Em suma, o Antigo Testamento é válido para hoje!
Neste post, quero mostrar como uma história do Antigo Testamento é usada no Novo Testamento e o que podemos aprender sobre como utilizar o AT. Eu me refiro à história de Balaão. O povo de Moabe estava com medo dos israelitas, pois estes estavam vencendo todas as guerras, visto que o Yahweh era com eles. Então, Balaque, o rei de Moabe, teve a ideia de contratar Balaão para amaldiçoar o povo. Embora fosse de outro povo (Nm 22.5), Balaão conhecia o Deus verdadeiro e abençoava e amaldiçoava em nome dele (Nm 22.8-12).
Balaque ofereceu muito dinheiro a Balaão para que este amaldiçoasse o povo de Deus. Primeiro Deus falou para Balaão não ir e ele foi (Nm 22.12). Balaão desobedeceu a Deus e foi. Nesta ocasião, a mula de Balaão empacou, foi espancadas falou (Nm 22.21-30). Depois de ter seus olhos abertos por Deus, Balaão viu o anjo do Senhor e foi advertido a somente profetizar o que Deus realmente dissesse (Nm 22.31-35). Por três vezes, Balaão sobe a um monte junto com Balaque. Este pensa que Balaão vai amaldiçoar o povo, mas Balaão abençoa, em obediência ao SENHOR (Nm 23-.1–24.14). Depois, Balaão profetiza mais uma vez a vitória dos israelitas e grande derrota dos inimigos do povo de Deus (Nm 24.15-24). Quando lemos este relato, parece que simplesmente Balaão foi embora e saiu da história: “Então, Balaão se levantou, e se foi, e voltou para a sua terra; e também Balaque se foi pelo seu caminho” (Nm 24.25).
O capítulo seguinte de Números (25), conta como o povo caiu em grave idolatria e pecados sexuais com as mulheres de Moabe em um lugar chamado Baal-Peor. O resultado é que Deus mandou uma praga sobre o povo e 24 mil pessoas morreram (Nm 25).
O que nós só aprendemos continuando a ler Números, no entanto, é que Balaão esteve envolvido com esse pecado do povo. Números 31.16, falando sobre as mulheres de Moabe, diz assim: “Eis que estas, por conselho de Balaão, fizeram prevaricar os filhos de Israel contra o Senhor, no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do Senhor“. É por isso que quando os israelitas entraram em Moabe, um dos que foram mortos foi Balaão (Nm 31.8; Js 13.22). O que aconteceu? Parece que Balaão se arrependeu de ter perdido o dinheiro do rei do Moabe e deu uma ideia para ele: “se as mulheres moabitas seduzirem os homens de Israel e os levarem à idolatria e pecados na área sexual, Yahweh vai ficar irado com eles e ele mesmo os amaldiçoará!”.
Por conta disso, Balaão e o evento de Baal-Peor (idolatria, comida, sexo e maldição) se tornaram um exemplo do que o povo deveria evitar: Deuteronômio 4.3; 23.4-5; Josué 22.17-18; Js 24.9-10; Neemias 13.1-3; Salmo 106.28-31; Oséias 9.10 e Miquéias 6.5). E como é que o Novo Testamento usa essa história para com o povo de Deus da Nova Aliança?
Paulo, exortando os Coríntios para não comerem comida sacrificada a ídolos usa diversos eventos do Antigo Testamento, inclusive o de Balaão (1 Coríntios 10.8), que se aplicava perfeitamente ao contexto coríntio de idolatria e pecados sexuais. Paulo acerte que os cristãos Coríntios deveriam cuidar para não sofrerem punição semelhante! Aliás, alguns de Corinto já estavam morrendo por causa de participarem indignamente da ceia (1Co 11.30).
Pedro, advertindo a igreja contra os falsos profetas que se esbaldavam em avareza, excesso de comida e pecados sexuais diz que eles estavam seguindo pelo caminho de Balaão (2 Pedro 2.15-16). Judas faz a mesma aplicação de Pedro (Judas 1.11). Finalmente, em Apocalipse 2.14, ouvimos uma repreensão de Cristo à igreja de Pérgamo, pois embora fossem é estivessem sofrendo perseguição, eles conviviam pacificamente com aqueles que “sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição“.
O Novo Testamento, portanto, utiliza a história de Balaão como uma grande advertência para os cristãos da Nova Aliança. Nós também podemos cair na cilada do amor idólatra ao dinheiro, amor idólatra à comida e amor idólatra ao sexo fora dos padrões de Deus. Se isso acontecer sofreremos punição como os israelitas sofreram em Baal-Peor. Mesmo aqueles que se colocam como mestres do povo de Deus também correm risco semelhante, de se desviarem de Deus assim como Balaão e serem destruídos da mesma forma que ele foi.
Assim, o Antigo Testamento é Palavra de Deus para o povo de Deus tanto quanto o Novo Testamento. “Porque tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão.” (Rm 15.4)
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