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A Comunidade do Reino

As palavras registradas por Lucas em At 2:14-39 consistem num pequeno resumo da poderosa pregação de Pedro no dia de Pentecostes. Como resultado, muitas pessoas creram no Senhor e cada uma delas desceu às águas do batismo com arrependimento em seu coração, de forma que, “naquele dia, houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas” ao reino de Deus. Esta última declaração demonstra que, desde o início, aqueles que iam sendo salvos, não seguiam suas vidas isoladamente, mas eram agregados à vida da comunidade dos discípulos, formando juntamente com eles, o corpo de Cristo.

At 2:42-47 Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Os que criam mantinham- se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.

O derramamento do Espírito marcou o surgimento de um novo povo, que vivia plenamente de acordo com a vontade de Deus. O projeto inicial do Senhor, de formar uma grande família de muitos filhos que expressasse sua vida e sua glória sobre a terra começava se realizar, impulsionado pela força irresistível do Espírito Santo. Os apóstolos começaram a ensinar “todas as coisas que o Senhor ordenou” e a Igreja recém-nascida dedicava-se a praticar as palavras do Senhor, como quem edifica uma casa sobre a rocha . Os discípulos mantinham-se unidos e desejavam estar juntos, frequentavam as casas uns dos outros e tomavam as refeições juntos. Amavam-se de tal modo que entre eles não havia necessitados, pois vendiam suas propriedades e bens e supriam as necessidades uns dos outros. As orações e a proclamação do evangelho continuavam diariamente e os que iam sendo salvos eram acrescentados à vida da comunidade desfrutando em conjunto da graça, da harmonia e da beleza de ser Igreja do Senhor.

A vida diária dos discípulos sofreu grande transformação após serem batizados no Espírito Santo. A medida que os dias se passavam, muitos ensinamentos e palavras de Jesus, como “nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai”, “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” e também “Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês” , começavam a ganhar real significado e uma crescente consciência de que Deus habitava neles e não mais no Templo, foi tomando conta da comunidade e cada vez menos dependiam da rotina judaicas para a adoração, compreendendo que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas” . O Templo dos Judeus, por ser um local amplo e público, deixou de ser usado para adoração e tornou-se um excelente ponto de encontro para os discípulos e um solo fértil para proclamação do evangelho.

At 3:1 Certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo na hora da oração, às três horas da tarde.

At 5:12-16 Os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas entre o povo. Todos os que creram costumavam reunir-se no Pórtico de Salomão. Dos demais, ninguém ousava juntar-se a eles, embora o povo os tivesse em alto conceito. Em número cada vez maior, homens e mulheres criam no Senhor e lhes eram acrescentados, de modo que o povo também levava os doentes às ruas e os colocava em camas e macas, para que pelo menos a sombra de Pedro se projetasse sobre alguns, enquanto ele passava. Afluíam também multidões das cidades próximas a Jerusalém, trazendo seus doentes e os que eram atormentados por espíritos imundos; e todos eram curados.

At 5:42 Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo.

As casas dos irmãos, porém, tornaram-se o centro da adoração, da vida e da comunhão dos discípulos. Casas simples, sem nenhuma especialidade, sendo preferidas, talvez, as mais espaçosas. Várias delas se tornaram conhecidos locais de reunião e oração, para onde muitos se dirigiam, tal como Pedro, que após ser milagrosamente liberto da prisão “dirigiu à casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muita gente se havia reunido e estava orando” . Na intimidade dos lares, uma nova forma de culto e adoração ao Senhor começou a se desenvolver, com alegria, simplicidade e devoção. Não havia rituais, nem sacerdotes, nem sacrifícios. Os que estavam reunidos oravam intensamente, relembravam e memorizavam os ensinamentos do Senhor e havia plena consciência da presença de Jesus entre eles. À medida que a adoração prosseguia, o Espírito Santo condia profecias, revelações, hinos e cânticos espirituais .

A transição do Templo para as casas aconteceu de maneira muito semelhante ao surgimento das sinagogas na época do exílio, mas por motivos muito diferentes. Diferente dos exilados, a Igreja não adotou as casas não porque o Templo lhe fora suprimido, mas por que este já não fazia mais sentido para ela como local de adoração.

Desse modo, equipada e preparada, a Igreja começou a atravessar as décadas cheia do Poder de Deus, Perseverando em sua palavra e vivendo um tipo de vida que somente aqueles que tinham andado com Jesus poderiam demonstrar. A simplicidade e a profundidade da vida cristã da Igreja Primitiva deve servir de fonte de inspiração e esperança para nós, que vivemos numa época de tantas contradições, escândalos, apostasia. Sejamos simples. Sejamos intensos sejamos cheios da vida de Cristo. Sejamos Cristãos!

Recursos Logos Utilizados

Keener, C. S. (2012–2013). Acts: An Exegetical Commentary & 2: Introduction and 1:1–14:28 (Vol. 1). Grand Rapids, MI: Baker Academic.

Segler, F., & Bradley, R. (2006). Christian worship: its theology and practice, third edition. Nashville: B&H.

 

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Ricardo Meneghelli
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